...aquela cena da prisão foi inspirada nas dark fanfics que circulam por aí
21.1.14
13.1.14
Sherlock BBC - a redenção
Ora bem, quem não quer ler spoilers do His last vow que se pisgue já daqui p’ra fora.
Depois da sessão ranhosa de ontem à noite, com o raças do stream sempre a travar e o som um tanto empastelado (o mais difícil de conseguir acompanhar nesta série), tenho de admitir que o terceiro episódio veio salvar a honra do convento – ou da 3ª temporada – depois de um início bastante tremido e de um intermédio um tanto duvidoso. Apesar das falhas no argumento, evidentemente (yep, eu sou uma chata), o último episódio conseguiu unificar a temporada, ligar pontas e rematar em beleza. Mesmo com um final fraquito e tudo, mas pronto (exacto: uma chata).
Finalmente tivemos um episódio carregadinho de jogos, de investigação e de puxões no tapete, com bastantes momentos óptimos em termos de história, de realização e de fotografia.
Apreciei sobretudo a grande quantidade de cenas com espelhos e reflexos repetidos, ou mesmo as filmagens através de vidros, que reforçam a ideia da narrativa em camadas e das várias facetas de cada personagem.
E depois, até meteu vários momentos de tabefe, que é sempre giro, embora o pobre do Benedict não devesse ter achado lá muita graça.
E daí, por acaso as cenas estão um bocadinho mal feitas, porque se topa bem que a Molly nem lhe toca:
Mas vamos lá então; nos pontos altos (além da conta do vidraceiro), temos ainda os montes de referências ao original, que é uma coisa deixa qualquer nerd que se preze a dar pulinhos de contente.
Daí que ache muito estranho que ainda pouca gente tenha falado no facto de a Mary Morstan ter sido descaradamente fundida com o Sebastian Moran. Aliás, os apelidos são tão parecidos que as personagens quase estavam a pedi-las. Ou seja, este lorde Moran que apareceu no Empty Hearse foi só para despistar:
Típico.O Gatiss e o Moffat partem-se a rir à nossa custa, de certeza.
Aqui, temos a Mary a ser identificada com a própria casa vazia, a cena do manequim como engodo transposta para um John às escuras com o cabelo em pé, e o facto de ela ser uma ex-agente da CIA com uma pontaria do caraças.
Isto corresponde à caracterização do Moran: um ex-militar que se extraviou, atirador de elite, que se instala numa casa vazia para matar o Sherlock, mas é enganado por uma silhueta. Para corresponder em tudo, só falta portanto ficarmos a saber que a Mary era o tal braço direito do Moriarty.
Assim de repente, parece-me quase uma certeza. Lembram-se de o Sherlock ter dito que a letra do bilhete do Moriarty era de uma mulher, no Reichenbach? Já sabíamos portanto que o bandidão tinha uma cúmplice. Na altura, houve até quem suspeitasse da tontinha da Kitty. Mas não. A cúmplice era a Mary.
Isto também explica porque é que ela acha que o John nunca lhe vai perdoar se ler os ficheiros sobre ela.
Infelizmente, também tenho quase a certeza de que os sacanas dos argumentistas vão deixar isto tudo a pairar outra vez, sem darem mais explicações ao pessoal – quem entender, entendeu, quem não entendeu que se lixe. São meninos para isso.
Já agora, só mais um alvitre: como é que a Mary conheceu o John? Por coincidência, uma antiga assassina resolve mudar de vida e começa a trabalhar como assistente dele? Ná.
A primeira vez que ela o viu foi através da mira telescópica da espingarda, digo eu. Na piscina, por exemplo. E depois, reparem que ela parece compreender o Sherlock e a relação dele com o John melhor do que ninguém. Porque já os conhecia de outros carnavais, do tempo em que o Moriarty andava a segui-los e a analisá-los, ora bem.
E eu, que já tinha prometido a mim mesma que não voltava a meter-me em teorias porque depois aqueles cabrões não explicam nada e eu fico toda frustrada, cá estou a dar-lhe outra vez. Isto é masoquismo, só pode.
O mau da fita desta vez é completamente execrável. A cena em que ele bate na cara do John foi das coisas mais incómodas que já vi.
É tão desagradável e humilhante, que admira como é que ele consegue conter as ganas de ir às fuças ao Magnussen. Até porque o John, como vimos, é um BAMF encartado.
A limpeza com que ele arruma o Billy (eheheheh):
E já agora, a limpeza com que o Sherlock arruma o Mycroft:
Estes dois tiveram aulas de defesa pessoal, nitidamente (ok, um era militar, mas o outro teve de aprender à conta dele).
As cenas em casa dos pais foram uma delícia, com o John a reatar com a Mary, o Mycroft a confessar que adora o irmão e toda aquela atmosfera doméstica e natalícia. Os gifs da cena dos dois irmãos a fumar devem ser dos que mais se multiplicaram pelo tumbas ontem à noite:
Ficámos ainda a saber que a Mrs. Hudson se chama Martha Louise e tem um passado muito menos monótono do que a sua vidinha actual,
e que o rapaz se chama William Sherlock, o que até funciona bastante bem e mostra que afinal os papás não eram assim tão excêntricos a darem nomes aos filhinhos.
As interpretações mais uma vez foram óptimas, com o Benedict e a Amanda a mostrarem o que valem, mas o Martin Freeman confirmou que é de facto um actor do caraças e o Andrew Scott mugiu a sua pontinha à grande (e não sei se a expressão de “mugir o papel” também se usa em português, mas vocês entendem).
Na parte do Moriarty, ficámos a saber que ele vive na masmorra do tal palácio mental que já conhecemos, devidamente acorrentado e de camisa de forças, mas que é ao seu exemplo que o Sherlock recorre para a questão do auto-controlo numa situação terminal.
Uma sequência brilhante, que por várias vezes quase me fez saltar da cadeira (porque estava demasiado perto do monitor, só por isso).
Para mais, sabendo que a Mary é uma antiga agente da CIA (e do Moriarty, digo eu) e que também vai lá estar. Mas pelos vistos ele não tem problema nenhum em deixar a maquineta abandonada enquanto vai fumar um cigarrito às escondidas, depois de ter anunciado a importância daquilo com toda a descontracção.
Ok, a maquineta estava protegida, podia ser seguida por GPS e tinha password e tal, mas para um hacker isso é contornável e o facto é que, se o Magnussen tivesse mesmo deitado a mão ao computas, o Mycroft estaria bem arranjado, só vos digo. Não será um graaande buraco no argumento, pronto. Mas é um buraquito.
O buraco realmente grande é o facto de ainda ninguém ter dado um tiro nos cornos do Magnussen. O som do meu stream estava bastante mauzito, como já disse, e reconheço que perdi bastantes palavras da conversa, mas ainda não consegui perceber qual era a protecção dele. O Magnussen conhecia as ligações entre o pessoal e sabia como os pressionar a todos, ok, mas se nem sequer tinha nenhuma prova física, o que é que o protegia de levar um balázio?
Ou será que ninguém sabia que não havia provas físicas? Deve haver aqui mais alguma coisa que eu não entendi, talvez na cena do início, de que perdi grande parte – o stream tinha tantos soluços que tive de desistir e de ir experimentar outras ligações. Vou ter de ver isto outra vez, é um facto.
Quanto ao final… bof. É evidente que o Moriarty está mais que morto. A voz nem sequer é a dele e a imagem é uma animação ultra rasca.
Alguém pôs aquilo no ar para criar uma comoção na hora H, mesmo quando o Sherlock ia para uma missão suicida, e fez o avião voltar para trás.
Há várias hipóteses quanto à autoria da gracinha: a Mary, o próprio Sherlock ou mais provavelmente o Mycroft, que teria acesso a todos os canais de televisão, incluindo os ecrãs dos placards publicitários de Londres.
E depois, pelo facto de ele dizer ao Sherlock “espero que tenhas aprendido a lição”. Lição…?
Antes disso, o Mycroft tinha dito que iriam sempre precisar do Sherlock – implicando assim que não se podiam dar ao luxo de o desperdiçar numa missão suicida para o MI6:
Yep - foi o Mycroft.
Mas pronto, lá ‘tou eu com o raças das teorias.
E agora lá vamos nós outra vez para mais não sei quantos meses de espera, para não perdermos a prática...
Depois da sessão ranhosa de ontem à noite, com o raças do stream sempre a travar e o som um tanto empastelado (o mais difícil de conseguir acompanhar nesta série), tenho de admitir que o terceiro episódio veio salvar a honra do convento – ou da 3ª temporada – depois de um início bastante tremido e de um intermédio um tanto duvidoso. Apesar das falhas no argumento, evidentemente (yep, eu sou uma chata), o último episódio conseguiu unificar a temporada, ligar pontas e rematar em beleza. Mesmo com um final fraquito e tudo, mas pronto (exacto: uma chata).
Finalmente tivemos um episódio carregadinho de jogos, de investigação e de puxões no tapete, com bastantes momentos óptimos em termos de história, de realização e de fotografia.
Apreciei sobretudo a grande quantidade de cenas com espelhos e reflexos repetidos, ou mesmo as filmagens através de vidros, que reforçam a ideia da narrativa em camadas e das várias facetas de cada personagem.
Há espelhos por todo o lado.
E vidros, montes de vidros - os edifícios do Magnussen têm paredes de vidro e o do MI6 pelos vistos também; o que é curioso, porque a transparência não será o ponto forte de nenhum deles.
Usaram e abusaram dos reflexos. Isto é só uma pequena amostra. Achei bem pensado, mas às tantas quase se torna demasiado repetitivo (pun intended).
E daí, por acaso as cenas estão um bocadinho mal feitas, porque se topa bem que a Molly nem lhe toca:
Daí que ache muito estranho que ainda pouca gente tenha falado no facto de a Mary Morstan ter sido descaradamente fundida com o Sebastian Moran. Aliás, os apelidos são tão parecidos que as personagens quase estavam a pedi-las. Ou seja, este lorde Moran que apareceu no Empty Hearse foi só para despistar:
Típico.O Gatiss e o Moffat partem-se a rir à nossa custa, de certeza.
Aqui, temos a Mary a ser identificada com a própria casa vazia, a cena do manequim como engodo transposta para um John às escuras com o cabelo em pé, e o facto de ela ser uma ex-agente da CIA com uma pontaria do caraças.
Isto corresponde à caracterização do Moran: um ex-militar que se extraviou, atirador de elite, que se instala numa casa vazia para matar o Sherlock, mas é enganado por uma silhueta. Para corresponder em tudo, só falta portanto ficarmos a saber que a Mary era o tal braço direito do Moriarty.
Assim de repente, parece-me quase uma certeza. Lembram-se de o Sherlock ter dito que a letra do bilhete do Moriarty era de uma mulher, no Reichenbach? Já sabíamos portanto que o bandidão tinha uma cúmplice. Na altura, houve até quem suspeitasse da tontinha da Kitty. Mas não. A cúmplice era a Mary.
Isto também explica porque é que ela acha que o John nunca lhe vai perdoar se ler os ficheiros sobre ela.
Infelizmente, também tenho quase a certeza de que os sacanas dos argumentistas vão deixar isto tudo a pairar outra vez, sem darem mais explicações ao pessoal – quem entender, entendeu, quem não entendeu que se lixe. São meninos para isso.
Já agora, só mais um alvitre: como é que a Mary conheceu o John? Por coincidência, uma antiga assassina resolve mudar de vida e começa a trabalhar como assistente dele? Ná.
A primeira vez que ela o viu foi através da mira telescópica da espingarda, digo eu. Na piscina, por exemplo. E depois, reparem que ela parece compreender o Sherlock e a relação dele com o John melhor do que ninguém. Porque já os conhecia de outros carnavais, do tempo em que o Moriarty andava a segui-los e a analisá-los, ora bem.
E eu, que já tinha prometido a mim mesma que não voltava a meter-me em teorias porque depois aqueles cabrões não explicam nada e eu fico toda frustrada, cá estou a dar-lhe outra vez. Isto é masoquismo, só pode.
O mau da fita desta vez é completamente execrável. A cena em que ele bate na cara do John foi das coisas mais incómodas que já vi.
É tão desagradável e humilhante, que admira como é que ele consegue conter as ganas de ir às fuças ao Magnussen. Até porque o John, como vimos, é um BAMF encartado.
A limpeza com que ele arruma o Billy (eheheheh):
E já agora, a limpeza com que o Sherlock arruma o Mycroft:
Estes dois tiveram aulas de defesa pessoal, nitidamente (ok, um era militar, mas o outro teve de aprender à conta dele).
As cenas em casa dos pais foram uma delícia, com o John a reatar com a Mary, o Mycroft a confessar que adora o irmão e toda aquela atmosfera doméstica e natalícia. Os gifs da cena dos dois irmãos a fumar devem ser dos que mais se multiplicaram pelo tumbas ontem à noite:
e que o rapaz se chama William Sherlock, o que até funciona bastante bem e mostra que afinal os papás não eram assim tão excêntricos a darem nomes aos filhinhos.
realmente não teria lá muito impacto... |
Na parte do Moriarty, ficámos a saber que ele vive na masmorra do tal palácio mental que já conhecemos, devidamente acorrentado e de camisa de forças, mas que é ao seu exemplo que o Sherlock recorre para a questão do auto-controlo numa situação terminal.
Uma sequência brilhante, que por várias vezes quase me fez saltar da cadeira (porque estava demasiado perto do monitor, só por isso).
Mas agora vêm os buracos. Começo pelo facto de o Mycroft ter levado um portátil cheio de segredos de estado para a casa dos pais, que acaba a servir de suporte à travessa das batatas:
Para mais, sabendo que a Mary é uma antiga agente da CIA (e do Moriarty, digo eu) e que também vai lá estar. Mas pelos vistos ele não tem problema nenhum em deixar a maquineta abandonada enquanto vai fumar um cigarrito às escondidas, depois de ter anunciado a importância daquilo com toda a descontracção.
Ok, a maquineta estava protegida, podia ser seguida por GPS e tinha password e tal, mas para um hacker isso é contornável e o facto é que, se o Magnussen tivesse mesmo deitado a mão ao computas, o Mycroft estaria bem arranjado, só vos digo. Não será um graaande buraco no argumento, pronto. Mas é um buraquito.
O buraco realmente grande é o facto de ainda ninguém ter dado um tiro nos cornos do Magnussen. O som do meu stream estava bastante mauzito, como já disse, e reconheço que perdi bastantes palavras da conversa, mas ainda não consegui perceber qual era a protecção dele. O Magnussen conhecia as ligações entre o pessoal e sabia como os pressionar a todos, ok, mas se nem sequer tinha nenhuma prova física, o que é que o protegia de levar um balázio?
A criatura mais nojenta que as mentes diabólicas dos argumentistas já criaram. |
Quanto ao final… bof. É evidente que o Moriarty está mais que morto. A voz nem sequer é a dele e a imagem é uma animação ultra rasca.
Alguém pôs aquilo no ar para criar uma comoção na hora H, mesmo quando o Sherlock ia para uma missão suicida, e fez o avião voltar para trás.
Há várias hipóteses quanto à autoria da gracinha: a Mary, o próprio Sherlock ou mais provavelmente o Mycroft, que teria acesso a todos os canais de televisão, incluindo os ecrãs dos placards publicitários de Londres.
E depois, pelo facto de ele dizer ao Sherlock “espero que tenhas aprendido a lição”. Lição…?
Antes disso, o Mycroft tinha dito que iriam sempre precisar do Sherlock – implicando assim que não se podiam dar ao luxo de o desperdiçar numa missão suicida para o MI6:
Mas pronto, lá ‘tou eu com o raças das teorias.
E agora lá vamos nós outra vez para mais não sei quantos meses de espera, para não perdermos a prática...
6.1.14
Sherlock BBC - o Sign of Three e alguns desabafos
Ermita em modo fleumático depois de ver o segundo episódio ontem à noite. Foi engraçadinho e bem melhor do que o primeiro, onde pelo menos as personagens parecem ter voltado ao normal, depois de todos os exageros no argumento e da frustração que deixou (post anterior) - pelo menos a mim.
Enfim, as duas primeiras temporadas também tiveram exageros e momentos de mau gosto, em que os argumentistas se deixaram levar pelo entusiasmo e borraram a pintura – os mafiosos chineses a ameaçarem a menina em apuros com o dardo do circo (para quê darem-se ao trabalho de levar um ferrungalho maljeitoso para um beco escuro, quando uns sopapos na menina dariam conta do recado?); toda a parte do Golem; a facilidade com que o Sherlock e a Irene põem os agentes da CIA KO – mas pronto, a gente ignora essas escorregadelas porque o resto da história compensa bastante.
Neste segundo episódio, nitidamente um filler (nada contra os fillers, atenção), temos pouca história e o caso a resolver acaba por ser fraquito e até um tanto absurdo – alguém que me explique como é que duas pessoas levam com uma punção no bandulho e se mantêm absolutamente impassíveis, sem darem sequer um gemido. Ok, há pelo menos um antecedente conhecido: a Sissi da Áustria também foi apunhalada e não deu por isso – pensou que só tinha levado uma pancada no peito. Ao que consta, também foi o corpete apertado que a manteve viva durante mais tempo do que seria de esperar. Mas um cinto é muito mais pequeno do que um espartilho; a compressão nem se compara. Então e a dor? Um espeto a trespassar um rim não faz doer? Enfim, estamos sempre a aprender…
Mas em geral gostei do episódio. Não dei saltinhos de entusiasmo nem houve nada que me deixasse estarrecida, mas foi giro, pois. Ainda não carreguei o vídeo, por isso não posso fazer o meu próprio corte e costura das cenas, mas apanhei algumas imagens na net, como o Sherlock bêbado na discoteca, um dos momentos mais divertidos,
e as deduções que ele faz logo a seguir no apartamento do “fantasma”, que foram do melhor:
A sequência da bebedeira deixa algumas pérolas para a posteridade, como o “he’s clueing for looks” e o “the game is… something.”
De onde se conclui que o episódio estava decididamente a precisar de uns copos (ou de umas provetas graduadas) para animar.
E com esta cena, percebemos finalmente porque é que ele se apresenta como um sociopata:
Que é uma coisa que ele nunca foi. Ou seja, o Sherlock só se apresenta assim quando pretende assustar os tipos que o irritam e que lhe chamam psicopata, como o Anderson, no primeiro episódio.
Não sendo um capítulo marcante, foi uma hora e meia bastante agradável. Ao menos isso. Mas até agora, o que temos estado realmente a ver é uma série que se encostou ao sucesso. Acho que eles podem já começar a esquecer os Baftas, porque este ano não vão conseguir pôr lá o cu. Nem que o terceiro episódio seja uma obra prima. Acho eu.
O que pode ser produtivo, como chamada de atenção para a qualidade da 4ª temporada. O Supernatural e o Doctor Who também fizeram cagadas monumentais e em seguida conseguiram recuperar – ainda que a recuperação seja sempre bastante instável, mas pronto, sempre dá para se irem aguentando, enquanto a cagada não for irreversível (o caso do X-Files). Entretanto, o que lhes vai valendo é o núcleo duro do fandom, que se mantém ali firme, de pedra e cal em frente ao ecrã, por mais derrapagens que o argumento vá tendo. Mas é uma pena que o Sherlock tenha de passar pelo mesmo processo depois de ter sido a série mais brilhante dos últimos anos. Mesmo com o dardo e o Golem e tudo.
É claro que continuo frustradíssima por não ver resposta nenhuma a tudo o que ficou no ar no Reichenbach (post das teorias, antes da estreia da 3ª temporada). Como aparentemente já resolveram não falar mais no assunto e deixarem as teorias todas a pairar no éter, posso até imaginar (dourando a pílula) que isto é um argumento estilo lasanha, todo em camadas, e que depende de cada um rapar a travessa até ao fundo ou limitar-se a comer a crosta *.
____________________________
* metáfora rasca só para confirmar que toda a gente tem o direito de dar a sua argolada de vez em quando.
Ou seja, não há respostas erradas, isto é uma narrativa aberta e cada um é livre de ficar com a sua. Muito lindo, mas não acredito.
Cá para mim, o que se passou aqui foi o que se passou no Lost. Os argumentistas embrulharam tanto o enredo, que às tantas eu já só continuava a assistir para saber como é que raio eles se iam desenvencilhar daquilo tudo. Como se viu, foi um estampanço brutal. A série deve ter ficado para a história como um dos maiores falhanços de escrita.
Só como exemplo: uma das regras básicas de um professor é nunca fazer uma pergunta aos alunos se ele próprio não tiver a certeza de qual é a resposta. No caso dos argumentistas, uma das regras básicas deveria ser não complicar a situação sem saber como é que vão sair dela. Evitariam muitos berbicachos.
Por aquilo que os argumentistas contaram numa entrevista, eles terminaram a primeira temporada sem saber como é que iam resolver a cena da piscina. A sequência de abertura da segunda série foi gravada um ano mais tarde – e a continuidade fez um óptimo trabalho, porque até as caveirinhas da gravata do Moriarty estão exactamente no mesmo sítio (SIM, eu sou menina para ver frames à lupa).
Mas a solução – o telemóvel do Moriarty desatar a cantar na hora H – embora muito engraçada, pelo anticlímax, foi nitidamente um desarrincanço de última hora. Completamente comparável com a cena do interruptor na bomba do metro, embora aqui o desarrincanço seja quase um insulto. Quanto mais não seja, aos terroristas.
Nesta altura, estou convencida que não nos explicaram como é que o Sherlock sobreviveu porque eles simplesmente também não sabem. Só isso. Mas já agora podiam ter explicado o que se passou realmente na história do Moriarty, que era a parte que eu queria saber. Uns lamirés, ao menos, c'um caraças.
Mas pronto, o que lá vai lá vai.
Entretanto, ainda quanto às minhas teorias, queria assinalar que a ideia de que o theimprobableone seria um alter-ego do Moriarty ficou logo cilindrada na altura em que saiu o mini-episódio e os posts novos no blog do John. Afinal, o mais provável para o improvável é ser o Anderson.
E quanto à questão do auricular, parece que afinal foi uma piada semi-interna (semi, porque lá haverá uns quantos de fora que a perceberam – não foi o meu caso, que nem sequer vi o filme do Guy Ritchie):
Porque afinal sofro do mesmo problema do Sherlock:
O que quer dizer que estou condenada a grandes frustrações. Grrrr.
Enfim, as duas primeiras temporadas também tiveram exageros e momentos de mau gosto, em que os argumentistas se deixaram levar pelo entusiasmo e borraram a pintura – os mafiosos chineses a ameaçarem a menina em apuros com o dardo do circo (para quê darem-se ao trabalho de levar um ferrungalho maljeitoso para um beco escuro, quando uns sopapos na menina dariam conta do recado?); toda a parte do Golem; a facilidade com que o Sherlock e a Irene põem os agentes da CIA KO – mas pronto, a gente ignora essas escorregadelas porque o resto da história compensa bastante.
Neste segundo episódio, nitidamente um filler (nada contra os fillers, atenção), temos pouca história e o caso a resolver acaba por ser fraquito e até um tanto absurdo – alguém que me explique como é que duas pessoas levam com uma punção no bandulho e se mantêm absolutamente impassíveis, sem darem sequer um gemido. Ok, há pelo menos um antecedente conhecido: a Sissi da Áustria também foi apunhalada e não deu por isso – pensou que só tinha levado uma pancada no peito. Ao que consta, também foi o corpete apertado que a manteve viva durante mais tempo do que seria de esperar. Mas um cinto é muito mais pequeno do que um espartilho; a compressão nem se compara. Então e a dor? Um espeto a trespassar um rim não faz doer? Enfim, estamos sempre a aprender…
Mas em geral gostei do episódio. Não dei saltinhos de entusiasmo nem houve nada que me deixasse estarrecida, mas foi giro, pois. Ainda não carreguei o vídeo, por isso não posso fazer o meu próprio corte e costura das cenas, mas apanhei algumas imagens na net, como o Sherlock bêbado na discoteca, um dos momentos mais divertidos,
e as deduções que ele faz logo a seguir no apartamento do “fantasma”, que foram do melhor:
A sequência da bebedeira deixa algumas pérolas para a posteridade, como o “he’s clueing for looks” e o “the game is… something.”
De onde se conclui que o episódio estava decididamente a precisar de uns copos (ou de umas provetas graduadas) para animar.
E com esta cena, percebemos finalmente porque é que ele se apresenta como um sociopata:
Que é uma coisa que ele nunca foi. Ou seja, o Sherlock só se apresenta assim quando pretende assustar os tipos que o irritam e que lhe chamam psicopata, como o Anderson, no primeiro episódio.
Não sendo um capítulo marcante, foi uma hora e meia bastante agradável. Ao menos isso. Mas até agora, o que temos estado realmente a ver é uma série que se encostou ao sucesso. Acho que eles podem já começar a esquecer os Baftas, porque este ano não vão conseguir pôr lá o cu. Nem que o terceiro episódio seja uma obra prima. Acho eu.
O que pode ser produtivo, como chamada de atenção para a qualidade da 4ª temporada. O Supernatural e o Doctor Who também fizeram cagadas monumentais e em seguida conseguiram recuperar – ainda que a recuperação seja sempre bastante instável, mas pronto, sempre dá para se irem aguentando, enquanto a cagada não for irreversível (o caso do X-Files). Entretanto, o que lhes vai valendo é o núcleo duro do fandom, que se mantém ali firme, de pedra e cal em frente ao ecrã, por mais derrapagens que o argumento vá tendo. Mas é uma pena que o Sherlock tenha de passar pelo mesmo processo depois de ter sido a série mais brilhante dos últimos anos. Mesmo com o dardo e o Golem e tudo.
É claro que continuo frustradíssima por não ver resposta nenhuma a tudo o que ficou no ar no Reichenbach (post das teorias, antes da estreia da 3ª temporada). Como aparentemente já resolveram não falar mais no assunto e deixarem as teorias todas a pairar no éter, posso até imaginar (dourando a pílula) que isto é um argumento estilo lasanha, todo em camadas, e que depende de cada um rapar a travessa até ao fundo ou limitar-se a comer a crosta *.
____________________________
* metáfora rasca só para confirmar que toda a gente tem o direito de dar a sua argolada de vez em quando.
Ou seja, não há respostas erradas, isto é uma narrativa aberta e cada um é livre de ficar com a sua. Muito lindo, mas não acredito.
Cá para mim, o que se passou aqui foi o que se passou no Lost. Os argumentistas embrulharam tanto o enredo, que às tantas eu já só continuava a assistir para saber como é que raio eles se iam desenvencilhar daquilo tudo. Como se viu, foi um estampanço brutal. A série deve ter ficado para a história como um dos maiores falhanços de escrita.
Só como exemplo: uma das regras básicas de um professor é nunca fazer uma pergunta aos alunos se ele próprio não tiver a certeza de qual é a resposta. No caso dos argumentistas, uma das regras básicas deveria ser não complicar a situação sem saber como é que vão sair dela. Evitariam muitos berbicachos.
Por aquilo que os argumentistas contaram numa entrevista, eles terminaram a primeira temporada sem saber como é que iam resolver a cena da piscina. A sequência de abertura da segunda série foi gravada um ano mais tarde – e a continuidade fez um óptimo trabalho, porque até as caveirinhas da gravata do Moriarty estão exactamente no mesmo sítio (SIM, eu sou menina para ver frames à lupa).
Mas a solução – o telemóvel do Moriarty desatar a cantar na hora H – embora muito engraçada, pelo anticlímax, foi nitidamente um desarrincanço de última hora. Completamente comparável com a cena do interruptor na bomba do metro, embora aqui o desarrincanço seja quase um insulto. Quanto mais não seja, aos terroristas.
Nesta altura, estou convencida que não nos explicaram como é que o Sherlock sobreviveu porque eles simplesmente também não sabem. Só isso. Mas já agora podiam ter explicado o que se passou realmente na história do Moriarty, que era a parte que eu queria saber. Uns lamirés, ao menos, c'um caraças.
Mas pronto, o que lá vai lá vai.
Entretanto, ainda quanto às minhas teorias, queria assinalar que a ideia de que o theimprobableone seria um alter-ego do Moriarty ficou logo cilindrada na altura em que saiu o mini-episódio e os posts novos no blog do John. Afinal, o mais provável para o improvável é ser o Anderson.
E quanto à questão do auricular, parece que afinal foi uma piada semi-interna (semi, porque lá haverá uns quantos de fora que a perceberam – não foi o meu caso, que nem sequer vi o filme do Guy Ritchie):
Porque afinal sofro do mesmo problema do Sherlock:
O que quer dizer que estou condenada a grandes frustrações. Grrrr.
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