27.12.08

Diário do Oeste - 28

Começo com uma textura das tais que aprecio particularmente. Pedrinhas molhadas, desta vez.

A fronteira entre dois tamanhos de seixos, na foz da praia da Areia Branca.

E esta beleza é a porta da casa de banho dos moços do restaurante Foz. Pelos vistos o pessoal nem sempre percebia o boneco e tiveram de lhe pintar a inicial.
Quanto à porta das meninas, não sei se a placa teria inicial porque já só lá está o sítio.
E aqui é a chuva a cair de um algeroz a precisar de reparações. O resultado saiu mais interessante do que eu esperava - opinião minha, claro.

Mais um exemplo de toponímia curiosa lá nos Casais onde mora a tia.

Da outra vez publiquei aqui a placa da Rua Joaquim Careca, que eu não sabia quem era, mas que entretanto já identifiquei: era o meu primo, um velhote sorridente com uns olhos super azuis que morava naquela rua, e que sempre conheci como o Jaquim Marquês. E se era careca ou não, ninguém sabe ao certo porque o primo andava sempre com um barrete enfiado na cabeça. Quanto ao desgraçado que deu o nome a este largo, era magrinho que nem um pau de fósforo. "Gordo" era a alcunha de família. Mas eles por aqui não perdoam. Se for filho do Gordo, passa a ser Gordo também. Mesmo que a descrição não corresponda.
A alcunha do meu ramo da família é Pitéu. Ao que consta, vem isto do facto de o meu bisavô ter o hábito de gabar muito os pitéus da minha bisavó. Mas entretanto o Pitéu só teve filhas. Quatro filhas, mais exactamente. E à boa tradição aqui do Oeste, elas passaram automaticamente a ser as Pitéuas (!!!) Exacto, leram bem - pitéuas. A gramática não é para aqui chamada. A minha tia avó Maria Lucinda, que viveu mais tempo ali na terra, era a Ti Mari Pitéua. E a minha avó era conhecida como a Matildes Pitéua, embora só pelas costas, porque ela ficava furiosa sempre que alguém a tratava pela alcunha. Lembro-me de uma vez passarem uns putos pelo portão dela e de um deles gritar "eh Ti Pitéua!"
"Um granda pitéu tem a tua mãezinha entre as pernas!" - berrou ela lá de dentro. Suponho que era para ouvirem pérolas destas que os putos se metiam com ela.

E aqui temos o Shy, que está cada vez menos shy e a ficar mais afoito - agora até já se bate à fotografia em vez de fugir para baixo dos arbustos assim que eu me aproximo. Ainda bem.
E a Yara em pleno "miau". Quando tiramos fotografias a alguém a falar, o resultado é semelhante. Mas bastante menos divertido, é um facto.
Quem disse que as galinhas não voam? Ok, não serão meninas para grandes voos, mas conseguem dar uns pulos esvoaçados suficientemente grandes para chegarem aos telhados e ciscarem o musgo. Ora vejam lá estes dois: As photos estão um bocado ranhosas porque o meu zoom não dá para mais, mas como podem ver temos aqui uma galinha branca e um galo às cores a passearem em cima das telhas.

E para não dizerem que o meu blog é só gatos, aqui vão dois dos canitos do Ricardo:
A Estrela, uma cadela toda simpática que se pôs logo de cu no ar assim que me viu a apontar-lhe a máquina, a pensar que era uma brincadeira nova qualquer;
e aqui é o... Sporting? Ou será Leão? Eles são cinco e não me lembro qual é este, mas será uma coisa dessas. Enfim, é um cão ao sol a bater-se à photo.

A minha Zarosky no último ataque de miaoooows, a rebolar-se praticamente em cima do meu teclado:

A minha madrasta ligou-me um destes dias a dizer que tinha visto uns casaquinhos de cão na loja do chinês, a ver se eu estava interessada numa coisa dessas para a Zarosky. Com o briol que tem feito por aqui, eu achei que valeria a pena experimentar, já que ela gosta de estar tapada e muitas vezes vai enfiar-se debaixo dos cobertores para fugir ao frio. Calculava no entanto que a tal capinha iria durar umas horas de almoço até ficar feita em fanicos - tentar vestir um gato acaba normalmente em várias arranhadelas e num fatinho às tiras, por aquilo que me lembro de aqui há uns anos, quando o veterinário receitou uma pomada para uma gata com o leite encaroçado e disse que lhe puséssemos uma espécie de colete para ela não se lamber. A minha mãe demorou mais tempo a fazer o colete do que a gata a esfarrapá-lo. Lembro-me de que o colete era azul turquesa e que a Tati parecia um chouriço com aquilo vestido. Uma visão de poucos minutos...
Desta vez a capinha era em rosa saloio. Curiosamente, apesar do mau feitio da Zarosky, não levei dentadas nem arranhadelas nem nada. Deixou-se vestir e fotografar e nem se mexeu. Deve ter sido por ainda estar com a ressaca do cio - nos dias que se seguem ela costuma ficar um tanto alquebrada.
Acho que ficou tão assarapantada que nem se atreveu a mexer-se com aquela coisa vestida. Ainda tentou desenfiar uma pata de dentro da cava, mas a capa estava muito justa e não lhe dava espaço de manobra. Já que não se conseguia livrar daquilo, deixou-se ficar quieta enquanto eu a fotografava, embora com um ar altamente chateado:
Tirei as photos só para ficarem para a posteridade, despi-lhe a fatiota e disse à minha madrasta que a trocasse por qualquer coisa que lhe interessasse - aliás, a condição foi essa logo à partida, combinada com o chinês antes de ela me trazer isto. E entretanto continuo a tapar o gato com um edredon enquanto ele faz as suas sestas pelos sofás, se não for ele mesmo a enfiar-se por baixo dos cobertores.


E agora um escaravelhinho lindo que encontrei ao pé do Intermarché da Terra dos Loureiros, castanho e polido como uma barata:
E uma folha um bocadinho rota da planta super farfalhuda que a minha tia tem no quintal, vista em contra-luz para mostrar os veios:
Quanto ao meu Natal, desta vez não tive pantufas, nada disso, que estas aqui fui eu que as comprei em Torres, a antecipar-me ao Pai Natal antes que o gajo me trouxesse outra vez umas coisas enormes em pano de colchão, como aquelas lindezas do ano passado (é só ir ver lá atrás, que eu pus a photo aqui no blog).
Mesmo assim, isto não me aquece os presuntos. Mas isso não há nada que aqueça se não tiver uma fonte de calor qualquer. Eu costumo ter os pés tão frios (e as mãos e o nariz), que ponho a borracha de água quente na cama e tenho a sensação de que ela não me aquece; eu é que a arrefeço.
Mas pronto, voltando às prendas, desta vez fiquei feliz da vida porque o Pai Natal me trouxe uma data de coisas que eu gosto - o gajo às vezes acerta - ou seja, um monte de livros e de chocolates. Yupi:
E mais uma caneca às florinhas, uns brincos de prata e a edição especial do dvd do Sweeney Todd. Os brincos e o dvd é que era de facto aquilo que eu tinha pedido - e é sempre melhor fazer pedidos ao Pai Natal do que ficar à espera que o gajo acerte, por muito que o pessoal ache que assim se perde a graça. Para mim não perde nada, que eu gosto pouco de surpresas. Mas gramei os livros. É o resto que me faltava da colecção que andava a sair todas as semanas e que eu pensava que já não conseguia arranjar. O barbudo teve olho, não há dúvida.
E aqui é a minha árvore de Natal deste ano, com bolinhas castanhas e laçarotes dourados. Não me lembro se no ano passado já estava assim ou se tinha as bolas azuis, mas estas ficam melhor com a decoração.
Quando tiver acabado de arranjar a sala, logo lhes mostro como ficou. Por enquanto ainda me falta o sofá e a mesa, mas como podem ver tem uma parede cor de laranja, a condizer com as cortinas, e os móveis são muito escuros.
Mas voltemos ao Natal. Passei-o em casa da minha tia, mais os compadres dela, o afilhado, a mulher e o filho, tal como é costume o pessoal passar aqui na terra (e provavelmente no resto do país) - a enfardar até lhe chegar com o dedo.
Como era de bom tom eu contribuir para o jantar, resolvi encomendar uma lampreia de ovos, que é talvez a única coisa que eu ataco nos casórios. E como me constou que a comadre da minha tia faz o mesmo, achei que a gente as duas bem que dava cabo da bicha. Venderam-me uma coisinha minúscula (900 gramas, disseram eles lá na pastelaria) e afinal praticamente só eu é que a ataquei, que a outra estava já tão atafulhada em comida que nem para a lampreia lhe sobrava barriga. Mas vejam-me só a cara da lampreia: Com a língua de fora, a fazer caretas à gente. Hihihi.
E isto aqui sou eu no dia de Natal, uma desculpa para mostrar os meus brincos novos e a minha linda camisola aos folhinhos:
E pois, é uma chatice, mas um gajo começa a envelhecer e já só consegue ficar razoável a fazer poses parvas, com a cabeça levantada para parecer tudo mais lisinho.
Na tarde de dia 25, depois de mais uma sessão de comezaina, fomos passear até ao Bombarral, mais exactamente àquele parque de estátuas do Berardo, que ainda nenhum de nós tinha visto, provavelmente porque fica mesmo aqui ao lado. O compadre da tia era o único que já lá tinha estado e fez questão de me servir de cicerone enquanto eu ia fotografando aquilo tudo (182 photos, mais exactamente - sou mesmo bruta, eu).
Esta aqui faz parte do complexo do palacete, pelos vistos uma quinta daquelas que organizam casórios, mas não sei se haverá muitas noivas a quererem tirar o retrato ao pé deste sacrista, cheio de gajas meias descascadas à volta dele a apaparicá-lo. Provavelmente nem sequer faz parte do espólio do Berardo, até porque não tem nada a ver com as outras, um conjunto enorme entre o chinês e o indiano. As tais estátuas da colecção estão a seguir a este portal enorme:
E logo depois vem esta avenida cheia de carecas:
Para o meu sentido estético, os budas e afins são todos um tanto atarracados, com a perna curta e um ar grosseiro. O que impressiona mesmo é a quantidade de estátuas e a gente imaginar a trabalheira e a despezona que foram precisas só para acartar com aquilo tudo até ali.
E agora, como não fiz os trabalhos de casa e não fui pesquisar a net para saber quem são estes todos, também não posso pôr legendas. Esta (ou este?) aqui em cima faz-me lembrar uma deusa da felicidade porque tenho uma estatueta de louça muito parecida - e foi assim que a chinesinha que ma vendeu a identificou (e data isto dos anos oitenta, da época pré-chinês massificado, quando só se arranjava coisas exóticas em lojas da especialidade). Mas pode não ser nada disso, portanto é melhor não arriscar. É talvez a estátua maior de todas e está no cimo de uma encosta.
Este moço cheio de braços parece ter umas asas mas afinal não é nada disso, ora reparem bem:Pois é isso: são mais braços. As asas são leques de mãos. E na parte de trás tem outro moço igual a este.
Um buda dourado na encosta onde está aquela matulona que aparece na primeira fotografia.
E aqui temos um Buda refastelado a apanhar sol a meio da encosta.
Uma das estátuas de que mais gostei (apesar de também ter a perna curta), que estava logo à entrada do parque. Uma pena ter algumas mãos partidas.
Estas colunas estão a rematar um grande campo de soldados de terracota. Têm uns dragõezinhos giros no cimo e o fuste está todo gravado com sauvásticas - a suástica é ao contrário, tem as "perninhas" para o outro lado, nada de confusões.
E cá estão eles, os tais guerreiros de terracota, uns mais pintados do que outros, com cavalinhos e tudo.
Pela posição das mãos, presumo que eles deviam estar a pegar em lanças, espadas ou rédeas.
Os tais cavalinhos, um bocado baixotes para os cavaleiros, mas pronto, também não é preciso ser picuínhas, né?
Um grande plano de um dos pintalgadinhos e um grupo deles instalado no cimo de uma encosta.

E mais uma photo das tais que eu classifico nas texturas, desta vez com uma data de estátuas pequenas em frente ao campo dos soldados.
E acho que já chega por hoje.

7.12.08

Desta vez não é da Nasa

A imagem é da Wikipédia, da entrada sobre o planeta Vénus. E aqui está ele todo arremelgadinho:
Quanto a actualizações a sério, só depois de terça-feira, que o ermita nesta altura está a entrar em parafuso.

14.11.08

Diário do Oeste - 27

Ermita disfarçado de cebola, a teclar com umas mitenes nas mãos, uns peúgos de lã e uma termotebe cá por baixo da camisola de gola alta, praticamente só com os olhinhos de fora. Isto é ridículo, mas está mais calor na rua do que dentro da minha casa, que ainda por cima apanha sol por todos os lados e deveria ser quentinha, mas não, que isto aqui é húmido com'ó caraças e o frio repassa tudo. Clima marítimo, topam? Vejo o mar lá ao fundo, da varanda da sala, com as Berlengas e tudo.
E já agora, vocês lembram-se das termotebes? Aparentemente desapareceram do mercado (ou pelo menos da televisão) e eu acho que sei porquê. Eu tenho três, quase novas, e fui buscá-las ao sótão porque o frio impunha medidas drásticas (e porque eu não 'tou p'ra pagar outros 200 euricos em acertos de electricidade à conta do aquecimento). Drásticas, pois, porque as termotebes têm um problema chato: cerca de duas horas depois de vestidas começam a cheirar a cavalo, como se o indígena já não tomasse banho há mais de três quinze dias. Deve ser da fibra. Mas enfim, como está por baixo da camisola de gola alta, não se nota nada – só tenho de tapar o nariz quando me despir e de dar mais uma lavadela à gato antes de vestir o pijama.
Mas adiante.
Sexta-feira, dia de ir às compras com a tia.
Levantei-me às oito e meia e cheguei lá às onze - não me perguntem como, que eu moro a cerca de seis quilómetros.
Ah, mas entretanto encontrei este mosquito no meu lindo lava-louças amarelo, de que já aqui falei (do lava-louças, não é do mosquito, evidentemente), e é claro que tive de lhe tirar o retrato antes de o pôr na rua.
Ok, não é desculpa para ter empatado tanto tempo, mas pronto.
Cheguei lá e assim que estacionei o carro comecei por apreciar esta bela pintura que fizeram na laranjeira da Odete:
Ou isto é uma instalação artística, ou o fulano que andou a pulverizar era um bocadinho vesgo.
Do outro lado da rua, quase à porta da tia, aproveitei para fotografar a arvorezinha que me costuma dar alguma sombra em cima do carro durante o Verão, agora com as antenas todas no ar:
Acho que já estava na altura da Junta mandar fazer uma poda por aqui, não?
Abri o portão e entrei à procura dela. A porta de casa estava fechada, mas tinha este papelinho pendurado na cortina
o que quer dizer, em linguagem de tia, que não está em casa porque foi ao café das bombas.
Meti-me outra vez no carro e fui até lá. Apanhada a tia, seguimos então para Torres, onde passei por este grafitti:

Hã?
Pensei que era só mais uma dose de surrealismo suburbano, bastante divertido, diga-se, mas entretanto fiz uma pequena investigação pela net e descobri que é um grupo de grafiteiros e/ou rappers lá do Cacém City onde eu morei. E eu sempre reparei em grafittis e até costumava tentar decifrar-lhes as letras arrevesadas enquanto estava à espera do comboio, mas nunca vi nenhum sinal destes moços enquanto lá estive; foi preciso passar em Torres e reparar nisto.
Compras feitas, deixei a tia em casa e aproveitei para deitar a luva à Sally, desta vez para tirar o retrato com ela.
E a tia não me cortou a cabeça nem nada (!!!).
Como não podia deixar de ser, tirei mais umas às flores. E assim, temos aqui uma coisinha amarela no quintal da tia
uma buganvílea ao pé do café
e uma planta gira que vi lá em Torres.
O fundo preto é o meu casaco, que a tia fez o favor de segurar, como podem facilmente perceber.
Voltei pela EN 8-2, onde havia uma bicha do caraças, coisa rara por aqui. O motivo era um velhinho dentro de uma daquelas carripanas que não dão mais de 50 à hora e que por isso mesmo não precisam de carta. Este binómio do velhinho/carripana já costuma ser suficientemente mau, mas agora ponham-no naquele bocado da EN 8-2 a seguir à Carrasqueira, onde temos duas rectas razoáveis e o resto é tudo curvas e traços contínuos. É que aquilo é como uma bicicleta gorda; não dá para chegar à berma e a gente passar ao lado. Pior do que isto só mesmo apanhar um tractor pela frente. Que também os há por aqui.
Voltei para casa, tirei a roupa, disfarcei-me de cebola e cá estou eu agarrada ao computas.
E entretanto acabo de gastar exactamente € 842,70 para pagar o IVA e a segurança social, o que me faz lembrar aquela frase que dizia "o sexo não tem nada a ver com o amor; o governo fode-me há anos e eu não estou apaixonado por ele."
Isto do IVA é um grande mistério, que também já me explicaram mas que é do género do esticador na parede (ver Diário 25); ainda não entendi um boi. Eu cobro o IVA ao patrão, né? E depois, quando chega a data, dou esse mesmo dinheiro ao Estado, certo? E em seguida o Estado reembolsa o meu patrão - segundo me disse a moça da contabilidade - e fica tudo outra vez na mesma. Ora então que raio é que se passa aqui? Porque é que a massa anda a dar estas voltas todas? Assim de repente, isto mais parece um esquema qualquer de branqueamento de capitais, mas como não há mafiosos pelo meio e está tudo escarrapachadinho nas Finanças, suponho que seja pelo gozo que os meandros burocráticos devem dar a algumas mentes perversas.
E eu estou-me a queixar porque o patrão ainda não me pagou (eu recebo a 45 dias depois da entrega do recibo verde - esta também é gira...), mas entretanto chegou a data do IVA e as Finanças não querem saber de pormenores - 'tá lá escrito que recebeste, portanto pagas e não bufas. E é assim que eu passo a vida a largar a massa que ainda não recebi.
Termino com um bocadinho de publicidade ao livro que a minha prima Bárbara acabou de lançar e que eu já vi à venda lá em Torres. A capa é esta:
É útil, é baratinho, e a miúda escreve bem. Tratem de comprar.

10.11.08

Diário do Oeste - 26

Halloween em casa da Elsa e do Francisco; não exactamente uma festa, mais um encontro. Pendurámos abóboras e espalhámos velas por todo o lado e entretanto o pessoal foi chegando. Foi bom rever o grupinho dos geeks que frequentava o bar da Elsa - no tempo em que a Elsa tinha o bar onde eu me enfrascava aos fins de semana, quando morava em Cacém City. Entretanto ela passou o bar, eu mudei-me para a Terra dos Loureiros e nunca mais vi aquela malta. Tinha algumas saudades da conversa; não sei bem como, embora se fossem sucedendo uma série de temas encadeados uns nos outros, acabávamos sempre por passar pela física quântica, embora eu pouco pesque sobre o assunto e tenho a impressão de que eles também pouco mais. Se eu acreditasse em astrologia (ou noutra coisa qualquer, aliás), diria que era por pertencermos todos a signos do ar - duas balanças, dois gémeos e um aquário; pegávamo-nos na conversa e aquilo durava horas. Mas quanto a isso tive de continuar com as saudades, porque aquilo de que os geeks mais gostam, bem mais do que da conversa, é de qualquer coisa que tenha um ecran à frente e uns botõezinhos para carregar. O pessoal agarrou-se à wii do Francisco e pronto, foi o programa da noite. Vinguei-me em três cervejas e meia e nos salgadinhos. Mas até foi fixe.
Ninguém foi mascarado, mas isso também não é de estranhar, porque já no bar da Elsa eles também se costumavam baldar. Menos eu, que sempre tentei ir a rigor, como nesta photo para amostra, do Halloween de 2005 lá no bar, com dois moços do tal grupinho, o Carlos e o João.
E para quem não percebeu, eu estava disfarçada (disfarçada...?) de dominatrix, o que me leva lindamente ao próximo tema, que é a Gathering Party do próximo dia 15, desta vez num sítio onde aparentemente se consegue estacionar com facilidade (!!!), mas a que muito provavelmente não vou poder ir - porque sozinha não vou e nesta altura nem sequer estou a ver possíveis acompanhantes. Mas é da maneira que fico em casa a trabalhar, que estou outra vez apertada com os prazos (o costume).
O cartaz é talvez o pior que eles já fizeram, mas suponho que têm de se restringir às imagens que lhes fornecem. O anterior era óptimo, classudo até, mas enfim, a coisa nem sempre corre tão bem em termos de design.


Tal como aconteceu aos que fizeram esta bela composição para um painel de azulejos, por cima da porta do lar dos idosos da Santa Casa da Misericórdia da Terra dos Loureiros. Realmente, o que os velhotes estavam a precisar era de encararem com uma caveira sorridente logo à entrada. Chiça...
Rai'staparta mais à ideia.


Enquanto a minha tia lá ia dentro, eu fiquei cá fora a fotografar o que encontrei, como estes cravos túnicos em amarelo, todos molhados de uma chuvada recente,

estes frutos de roseira bestialmente grandes,

e folhas de couve ratadas dos caracóis, com gotas de chuva que rebolam mas não molham.
Fui andando para a parte de trás do complexo, onde eles têm as hortas, e às tantas apareceu-me uma empregada do refeitório (a avaliar pela touca) a perguntar o que eu queria. Disse-lhe que andava a tirar fotografias e continuei. Ao dar a volta, veio uma outra ao meu encontro, esta já com ar de funcionária burocrática, a querer saber a que é que eu estava a tirar fotografias. Antes que eu respondesse, perguntou logo toda ansiosa se era ao prédio e aos interiores. Disse-lhe que só estava interessada nas couves e nas bolinhas giras e continuei o meu passeio. Pelo que me contou a minha tia à saída, na recepção também estavam um tanto apreensivos "porque andava ali uma mulher só a tirar fotografias..." Ok, nós sabemos que eles já estão bastante escaldados com jornalistas e afins, mas pela amostra deve ser realmente um stress do caraças trabalhar num sítio destes, se passarem a vida a ver espiões e conspirações de cada vez que passa um turista.


Eu então vejo logo é qualquer coisa para tirar o retrato, como este bicharoco giríssimo de pelinhos louros que eu encontrei a passear no cabelo da tia:
Para fazerem uma ideia do tamanho deste escaravelho cabeludo, essa é a unha do meu mindinho, que tem um centímetro de comprimento.
E mais uma, agora visto por cima. Sempre gramei à brava escaravelhos e nunca tinha visto um exemplar destes. Acredito que seja um bicho comum apanhado numa fase de transição, mas não tenho a certeza porque não consegui encontrar nada parecido na net.


Quanto a estes, encontram-se muito por aqui, até na placa da casa dos móveis na rua do meu pai:
Um gafanhoto a apanhar sol ou a ver as vistas, já que por aqui perto não há nada que se trinque.
No caso dos filhotes da Riscadinha, eles já trincam tudo o que lhes cai no prato mas a teta da mãe continua a ter um atractivo muito especial.
E como já estão uns matulões, a pobre da Riscadinha fica lá debaixo a levar com eles, só com as orelhinhas de fora.
Haja pachorra para aturar uma família numerosa.


Família que se estende pela vizinhança. O matulão é primo da Riscadinha, o Tininho, e o minorca é filho dele. Não sei se já tem nome, porque até agora ainda só lhe ouvi chamar "o canininho".

Por falar em rebentos, a última do meu irmão foi ter pintado o cabelo de preto, o que eu não acho nada mal, porque praticamente ele já tinha o cabelo naturalmente preto, mas a seguir ao Verão ficou com umas manchas castanhas e desbotadas por causa do sol. Se ele me tivesse falado nisso, eu teria recomendado que usasse antes um castanho muito escuro para não ficar a parecer artificial, tipo peruca sintética, como a do meu disfarce do Halloween na fotografia lá em cima - porque ninguém tem o cabelo realmente preto preto.
Assim como lhe poderia ter recomendado que pedisse ajuda... É que eu só soube disto porque a minha madrasta me ligou toda furiosa, a perguntar se eu sabia como se tirava tinta de cabelo, porque pelos vistos o meu irmão e a namorada meteram-se na casa de banho sem dizerem o que iam fazer e quando saíram havia tinta preta por todo o lado - nas toalhas, no armário, na cortina, no chão, nas paredes e nas mãos deles, que pelos vistos não puseram as luvas e ficaram com as unhas encardidas, como se tivessem andado a apanhar batatas. Enfim, putos...


E se por acaso alguém olhou agora para a coluna aqui ao lado e reparou que já lá não está "o irmão do ermita", esclareço que isso não se deve aos desastres na casa de banho nem nada do género, mas ao facto do hi5 dele se estar a tornar altamente incómodo, porque o que começou por ser alguma irreverência divertida de repente transformou-se numa exibição de mediocridade. E eu nunca suportei ficar a assistir a figuras tristes. O que é uma decepção, porque ele até parecia ser um puto esperto, mas afinal saiu igual aos outros todos.


Passando a coisas mais alegres, temos aqui a Sally, “um argumento para ter gato”, como o veterinário lhe chamou.
A Sally está agora com sete meses, se as contas não me falham, e é o protótipo do bichano inteligente, meiguinho e altamente independente. Tão independente que podia ter ficado em casa e tornar-se o terceiro gato oficial da tia, mas prefere andar pelos telhados com o irmão, o Shy, esta lindeza aqui em baixo que, ao contrário dela, é um assustadiço que não dá confiança a ninguém.
As cores dele, o pelo bege e os olhos claríssimos, fazem-me lembrar um husky em versão gato. As photos tiveram de ser tiradas com o zoom, porque ele não deixa que eu me chegue perto.
E termino com a minha banda sonora do momento, enquanto estou a trabalhar – HIM (ou Ville Valo, mais exactamente) em versão acústica. Nesta altura ele ainda era um puto de vinte e poucos anos que costumava aparecer todo pintalgado nos clips da banda, a explorar uma imagem de lindinho duvidoso. Aqui é ele mesmo, de cara lavada, a cantar a sério, com caretas e enganos pelo meio, sem a preocupação de fazer olhinhos para as pitas se derreterem. Lindo lindo.

E para os imbecis que se lembrarem de dizer que isto é emo, considerem-se desde já com um granda pontapé virtual nesses fundilhos.