14.8.12

Diário do Oeste - 42

Ermita ainda fazer a dança da vitória, depois de ter voltado ao Mercado Medieval de Óbidos e de ter conseguido ferrar uma beijoca no lindinho, yupi yupi yupi! Mas já lá vamos.

Primeiro ainda quero mostrar as belas malaguetas que consegui cultivar num vaso, aqui mesmo na varanda do ermitério. São vários pés e estão carregadinhos:

Uma beleza retorcida:
Espero bem que isto pique.

E apresento ainda a Puga, uma coisa fofa mais preta que branca, que teve sete gatinhos na semana passada:
A dona da Puga tinha de ir para o Canadá nas próximas três semanas, por isso a gata e as crias ficaram hospedadas na casa de banho da minha tia, convertida em creche temporária. A bichinha tem-se mostrado muito afável e aparentemente não estranhou muito a mudança de residência - o que chega a ser esquisito, convenhamos.

E depois ainda quero mostrar mais um calhau cheio de conchinhas na praia do Porto das Barcas:

Montes de algas na areia, que a maré deposita:


Dentro de água, é uma autêntica sopa. Em tempos que já lá vão tomei banho numa praia semelhante e lembro-me de que era quase impossível nadar com tanta alga a embaraçar-se nos nossos pés.

E agora voltamos então ao Mercado Medieval de Óbidos, que terminou ontem. Desta vez fui com a Elsa e com o Zé, que já não são estreantes nas medievais e que estão mais ou menos a par do calendário que costumam ter. Pelos vistos, este ano os organizadores das feiras aí  por esse país fora devem ter tentado fazer concorrência uns aos outros e montaram uma série delas na mesma altura, o que de certeza estraga bastante o negócio ao pessoal que faz os espectáculos destes eventos e aos vendedores de artesanato temático, além de perderem público de certeza - muita gente devia gostar de correr várias medievais durante as férias, mas assim tem de escolher só uma.

Chegámos lá, subimos a rua principal até ao castelo e ficámos um bocadinho à espera que saísse o cortejo. Muito menos gente a assistir desta vez, pelo menos ao pé dos portões, o que deu jeito para nos podermos chegar à frente. Desta feita, fui-me colocar estrategicamente do outro lado da rua para não ficar com o mesmo enquadramento das primeiras photos.
Foi giro estar lá pela segunda vez para poder apreciar as diferenças. O cortejo tinha um alinhamento diferente e alguns dos participantes traziam outros fatos, como o da bailarina que vinha novamente a abrir e que no outro fim-de-semana trazia um véu verde, que entretanto deve ter ido para a lavandaria:

Este moço que ia a rodar a capa é uma novidade, porque não estava lá da outra vez; ou se estava, não trazia a capa:

Desta vez os cavaleiros vinham sozinhos e eram só dois. Aqui temos o Pedro, com a sua fatiota verde,

seguido por um camelo que também ainda não tinha aparecido no cortejo:

Este aqui, se não estou a meter água, é o Pedro do Agape, com um ar todo façanhudo:

Duas meninas com dois matulões:

O Olivier também a desfilar sozinho, com os seus canitos esgadelhados à frente.

Que já aqui apareceram, mas vale sempre a pena voltar a olhar para eles,

já não falando no dono, evidentemente:
Achei que o pessoal do desfile estava todo com um ar um tanto macambúzio; espero que fosse só os efeitos do cansaço destes últimos dias e que não tenha nada a ver com aquilo que lhes pagam para estar ali.

Desta vez fui meter o nariz nas tendas ao pé da entrada, que ainda não tinha visto de perto:


As barraquinhas e as construções que instalaram por baixo das torres do castelo:

O Zé a entrar no espírito da coisa:
E espero que agora o moço não seja tímido e não me faça tirar isto daqui, porque esta deve ser uma das photos mais fixes que ele tem para deixar à posteridade.

Mais um panorama com a ponte lá ao fundo e um burro e tudo:

E aqui é outra vez o desfile já à volta, pelo castelo adentro, com a Rita a dançar (e com uma cinturinha que me deixa verde de inveja, a sentir-me uma badocha), e o moço da capa rotativa, que entretanto se deve ter cansado, ou então era o vento lhe atrapalhava a exibição:

Dois mágicos (ou coisa que o valha) que traziam cobrinhas malhadas ao pescoço:

O acampamento por baixo das torres:

Um passarinho com um ar todo refilão:
Como não sei como se chamam nem tenho grande tempo para ir pesquisar, prefiro não me arriscar a dizer disparates. 

E mais um passarinho a espanejar as asas:

Animação de rua com os Albaluna a tocar e a Cristina a fazer a dança do ventre:


E a seguir fomos atacar a bela bifana enquanto não começava o torneio. 
Desta vez fiquei numa posição bastante melhor, já sem levar com o sol de frente, mas as photos dos combates continuam bastante ranhosas porque a maquineta não dá p'ra mais.
E agora gostaria muito de ter conseguido identificá-los a todos e de poder explicar quem é que está a dar porrada em quem, mas isso demora muito a procurar, correndo o risco de dizer asneiras, portanto quem se reconhecer que se acuse. Só consegui apurar que o pessoal do torneio incluía os Cavaleiros do Tempo, os Espada Lusitana e os Agape, mais uns tantos figurantes independentes.

Isto aqui é o grupo da Hoste do Magriço, com o seu trabuco carregado de balões. Pelas descrições das batalhas, eu estava na ideia de que aquelas maquinetas a atirar pedregulhos era assim pimba pimba pimba, sempre a aviar. Depois de ver a engenhoca ao vivo, e se aquilo corresponde realmente à velocidade com que se carregava cada tiro, fiquei com uma ideia muito diferente sobre o ritmo dos ataques com máquinas de cerco. Era o lá vem um e entretanto podemos ir tomar café e verter águas atrás da moita. Porque ainda por cima aqui são balões, são levezinhos, ninguém tem de andar a acartar calhaus. Hollywood é que tem a culpa. 

Uma vista do campo inteiro, com a entrada do Pedro, que fez a apresentação do torneio, com os guardas atrás. 

O outro Pedro a cavalo:

Este não sei quem é, mas fazia parte do grupo dos inimigos:

Aqui  literalmente a morder o pó da derrota, 
 mas não por muito tempo:

Mais porrada, com o Tomás em apuros:
Este reconheço-o por causa do cabelo.

O Nuno (acho eu...) a enfiar um muqueco no Tomás:

E aqui é quando desata tudo a discutir e a seguir envolvem-se todos à pêra, para animar o espectáculo:

O Olivier quase a espetar a lança nos fardos de palha: 

O Olivier a atirar o escudo à cabeça do Pedro - espero bem que o rapaz tenha o capacete almofadado, porque pelos vistos leva cacetadas nos espectáculos todos. 

Segue-se mais uma cena de pancadaria entre os grupos rivais:

 E aqui já ao final, com a rapaziada a despedir-se do público. 

Depois do espectáculo, como o Olivier estava ali mesmo à entrada a posar para a fotografia com o pessoal todo que se apresentava, enchi-me de coragem e pedi ao Zé para me tirar uma photo com ele. E foi aqui que não resisti e me agarrei ao homem que nem uma assanhada:
"Meu herói...!", disse eu, a saltar-lhe ao pescoço. E como vêem o gajo riu-se mas está com todo o ar de "ai que 'tou a ser atacado por uma maluca". Aproveitando a embalagem, perdi a vergonha e tunfas, dei uma beijoca na bochecha do Olivier. E a seguir fugi. Literalmente. Fugi logo para o pé do Zé e ainda ouvi o outro lá atrás a dizer "obrigado" (pois claro que foi obrigado, ele nem tinha por onde fugir), e a mulher dele é que talvez não tenha achado lá muita graça, mas provavelmente já estará habituada a ver cenas parecidas. E depois desta façanha (pois, que para mim isto é uma façanha), passei o resto da noite com um sorriso idiota, a ver estrelinhas à frente dos olhos, completamente aparvalhada. Valeu a pena, só lhes digo.

Estava cheia de fungas para pôr aqui a minha photo com o Olivier logo no dia seguinte, mas além de ter cá mais quatro pessoas em casa, à noite ainda estive a ver uma parte daquela festa maçónica com que encerraram os jogos de Londres. Não tive pachorra para assistir àquilo tudo, outra vez chato e comprido como na abertura, mas ainda vi um grande bocado. 
Sempre que há jogos, insistem sempre no espírito olímpico - o importante não é ganhar, é participar, dizem eles - e em como aquilo é a festa da fraternidade, do desportivismo, e ai que amiguinhos que nós somos todos, mas depois vemos sempre uma data de malta com um ar simultaneamente furioso e envergonhado a discutir porque é que os atletas não trazem medalhas para casa - atribuindo-se normalmente as culpas à falta de apoios e ao excesso de borga. Então em que é que ficamos? É uma competição, toda a gente sabe que é uma competição, é um combate, é nós contra eles; não seria melhor chamarem os bois pelos nomes? Fraternidade o caraças. Rivalidade. Divisões. 
E este ano até o raças da tocha estava dividida. Cada um com a sua. Pode ter ficado bonito na fotografia, mas aquilo não era uma tocha a sério. Assim como a festa, que ainda 'tou para perceber o que é que aquele panorama duvidoso sobre a música britânica, com uma passagem de modelos pelo meio, pode ter alguma coisa a ver com desporto. Ou melhor, vendo a coisa por outra mira, acho que entendo onde querem chegar. 
Uma pirâmide de blocos construída mesmo por baixo do London Eye (uma pirâmide com um olho por cima? Hummm... onde é que já vimos isto?), desenhos psicadélicos no ecrã por trás dos Kaiser Chiefs, que às tantas formam um olho sobre quadrados pretos e brancos, os triângulos de luzes por cima do estádio (nada de familiar naqueles ângulos?), a fénix a levantar-se por cima das chamas das nações (ou das nações em chamas?); depois de se ver estas imagens repetidas até à exaustão e de todas as maneiras possíveis na música, no cinema, na moda e na publicidade, é difícil continuar a achar que seja tudo só por acaso. 
É que de vez em quando há que lembrar ao povão quem é que manda. Mesmo que ele não se aperceba do que lhe estão a dizer.

Sem comentários: