11.5.08

Diário do Oeste - 16

Primeiro que tudo, quero mostrar as lindezas mais novinhas do quintal da tia. Oh pra elas:
A Pontinhas com os putos, cada vez mais reguilas.
Uma soneca no sofá.

A fêmea de olho verde

e o macho de olho azul.




Mas para não dizerem que eu só mostro gatos, aqui vão dois canitos para compensar:
Este aqui, a precisar de um banho e de uma boa escovadela, estava à porta da igreja dos Campelos esta manhã, à espera que o dono saísse da missa. Com uma paciência canina, o desgraçado ficou na rua a apanhar chuva e a aturar um puto chato que insistia em correr com ele (e mais um bocadinho e quem corria com o sacana do puto era eu), até o pessoal começar a sair. Nessa altura começou logo a dar mostras de grande animação antecipada, numa agitação saltarica que culminou com o aparecimento do dono, que ele então saudou alegremente com um sapateado artístico e alguns cumprimentos vocais. E o sacrista do homem nem sequer pareceu dar por ele; saiu e foi andando, com o canito aos pulos à volta dele, sem lhe dirigir uma palavra nem lhe fazer uma festa nem coisa nenhuma. O que só confirma, mais uma vez, que a maior parte das pessoas não merece o afecto do cão que tem.
E cá vai outro, o Téo, que é o canito da avó da criança que me fez estar hoje de manhã à porta da igreja, à espera que acabasse a missa do Pentecostes para assistirmos então ao baptizado.
Comecei logo por dar com esta coisa macabra lá dentro, um Cristo todo chagoso, de ar altamente desgraçado e expressão de agonia, próprio para assustar criancinhas - mas as ditas criancinhas estão tão habituadas a ver um gajo espetado nuns madeiros, que devem achar isto perfeitamente banal. Eu é que devo ter a mania de ver as coisas pelo lado mórbido, pois...A imagem deve ser bastante recente porque os pregos de cima estão no sítio certo, já viram? Estão nos pulsos em vez de aparecerem na palma das mãos (e em seguida o homem caía cá em baixo, para piorar ainda mais a situação... chiça...!). No entanto os pés continuam iguais aos das representações tradicionais, talvez porque a malta ainda ia estranhar muito ver um Jesus meio torcido, com as pernas para o lado e um prego a atravessar-lhe os calcanhares.


Mas passemos à estrela da festa, a Leonor, que andou em bolandas de colo em colo e se portou impecavelmente:

O que já não se pode dizer das lindas criancinhas que passaram o tempo às corridas pela igreja, a embrulharem-se nas saias do padre e tudo, às vezes num cagaçal medonho. À saída, quando eu comentei que aqueles paizinhos deviam ter posto uma trela nas feras, alguém me respondeu com um ar um tanto escandalizado "mas como é que se consegue fazer as crianças ficarem quietas?" "Agarrando-as, não?", respondi eu muito naturalmente. Mas a outra mandou-me um olhar de desprezo, como se o selvagem fosse eu.
As pessoas são muito esquisitas.


E aqui estão eles, todos a postos para a função:
O padre era um porreirolas, que se fartou de dizer piadas e de fazer caretas para a miudinha, embora eu começasse por duvidar se o senhor prior teria andado a abusar do vinho da missa. Mas não, pelos vistos é simplesmente um moço todo bem disposto.
"Queres ver, Leonor, está uma coisa muita linda aqui dentro..." E a Leonor baixou a cabeça para dentro da pia baptismal à procura da coisa linda e tunfas!, levou logo com um sacramento em cima: Um dos momentos mais hilariantes da festa, quando o padre chamou estes dois estarolas para conduzirem o Pai Nosso e foi a confusão total, porque além de não o saberem de cor, também não o conseguiam encontrar no livrinho. O de branco desatou a ler tão depressa que o padre interrompeu "aguenta aí, que é para ir pró céu mas também não é preciso ir de foguetão..." É claro que acabou por ter de ser ele a conduzir a coisa. Enquanto isto, o padrinho preferiu entreter-se a brincar com a vela, a arrancar-lhe bocadinhos de cera e a deitar pingos para o chão. "Olha a trabalheira que tu vais dar às velhotas amanhã, quando vierem limpar a igreja..." E ele, para "remediar", resolveu passar logo com o pé em cima da cera entornada (!!!). Coitadas das velhotas, realmente. E já repararam no cartaz lá atrás? Quando entrámos, a minha tia perguntou que raio era aquilo do fogo e do vento (e também não faço a mínima ideia). Mas aparentemente ninguém reparou no título: Domindo de Pentecostes. Heheheheheh


E depois fomos todos almoçar e pronto. Quase todas as meninas tinham levado roupinhas leves, a contar com a Primavera, e lixámo-nos à grande porque o dia esteve altamente farrusco e frio, sempre a borriçar. Mas isso é que é o normal numa Primavera: um tempo meio maluco, com sol e chuva e montes de vento, com uns dias radiosos pelo meio, como este aqui documentado:
O progenitor e a madrasta na zona da Foz, entre a Areia Branca e o Areal. Ah, que porreiro...
(e eu com protector solar de écran total e a correr logo para a sombra depois de tirar a fotografia, evidentemente)
E depois há todas estas manifestações da Primavera, em que não me chegam os olhos nem a memória do cartão da digital:
Este ano a Terra dos Loureiros está cheia de flores destas. Normalmente punham umas mais rasteiras, parecidas com campainhas, nos vasos dos postes e nas bordaduras dos canteiros. Mas este ano devem ter descoberto que esta espécie também era suficientemente resistente e resolveram variar.


E as rosas, evidentemente. Estamos em Maio e só agora nos damos conta de que há por aí pessoal que tem autênticas colecções de roseiras no quintal, porque de repente ficaram todas arremelgadinhas ao mesmo tempo. Até arranjar mais exemplares para vos mostrar, fiquem-se aqui com estes grandes cachos, caçados à porta da Segurança Social:


Sem comentários: