20.6.08

Diário do Oeste - 18

Ermita todo estafadinho, sem pica nem pra tirar photos a tudo o que lhe aparece à frente. Mas alguma ainda se arranja, evidentemente. Por exemplo:
isto é uma batata. Uma bela batata, note-se.


E aqui é uma rosa cor de rosa no quintal da Rosa. Dias bastante cansativos, sobretudo agora que veio o calor e que o ermita anda todo espapaçadinho, a cair da boca aos cães. De cada vez que chega o calor eu volto a dizer que devia era ir viver para um país frio, mas nunca mais agarro no gato e me ponho literalmente ao fresco - até agora é só conversa. ...E afinal até se vive bem aqui na Terra dos Loureiros. Mesmo com calor a mais. Mas ainda não pus de parte a ideia de fugir para o frio. Muito pelo contrário. Um dia vocês vão ver (só pra não dizerem que eu não avisei).


Apesar de já ter despachado o trabalho que tinha na mão e de estar agora "de férias" à espera do próximo (que deve ser uma bela pastilha, cheira-me...), os últimos tempos têm sido de lufa-lufa. Os próximos também vão ser giros, com obras em casa e muitas voltas a dar - e isto sou eu já a preparar os meus dois leitores semanais para haver outra vez grandes buracos no blog, só com umas photos do Bush a fazer caretas para marcar presença - o costume.


E aqui em baixo temos um escravo quadrúpede, talvez um macho ou uma mula, não sei, uma vez que tem orelhas curtas mas é demasiado pequeno para ser um cavalo.


Apesar de baixote, a minha Zarosky nunca tinha visto um bicho tão grande, mesmo estando a vê-lo cá de cima do terceiro andar, e assim que o topou desatou a rosnar - coisa um tanto curiosa, porque ela normalmente só rosna para outros gatos e para o meu aspirador. Com o cão do vizinho de baixo, por exemplo, farejavam-se um ao outro quando se encontravam nas escadas, "mas afinal que raio de bicho és tu", e depois seguia cada um para a sua casa pacificamente. Mas um bicho destes é talvez demasiado suspeito para um gato desconfiado como o meu.
E aqui temos outro cagaço para a Zarosky, desta vez por causa do barulho da música, mas a ela passou-lhe logo assim que viu o que era, enquanto que para os putos da creche cá de baixo já foi um tanto mais complicado...Estes mocinhos vinham com certeza cheios de boas intenções pela rua fora, a tocar até muito razoavelmente, e quando viram a creche cheia de miúdos à porta, à espera que os papás os viessem recolher, resolveram parar e meter-se com eles. É claro que os putos viram uma série de gajos esquisitos a avançar para eles e oh pernas... Enfiaram-se todos para dentro da escolinha outra vez.
Os que estão ao colo tinham começado por fugir... Os outros puseram-se a salvo antes que os palhaços os atacassem. Compreendo perfeitamente, que eu também sempre os achei um tanto sinistros.
E também sempre achei que era preciso um gajo ser um tanto suicida para se pôr em cima de umas andas. Só de olhar para isto começo logo a imaginar um malho monumental dali abaixo, com direito a perninhas partidas e fracturas expostas e traumatismo craniano. Mas há malta para tudo. E com um grande equilíbrio também.

E agora tenho algumas photos da tia, em que a última é bastante gore, portanto estou já a avisar por causa do pessoal mais impressionável. No entanto, isto é bastante educativo.
Começamos por uma bela photo da tia com a Yara ao colo e um ar muito tranquilo.
Coça mais, vá... aí... aí... mais p'ó lado... hummm...

Mas isso é porque isto é só uma photo; ao vivo a respiração dela estava assobiada e silvada e apitada, um susto autêntico, daquele género em que um gajo até fica cansado só de ouvir. Nesta altura ela já tinha a operação marcada aos dois laringocelos, uns altos de cada lado do pescoço que nos últimos tempos estavam a crescer a olhos vistos e a tapar-lhe o pipo, literalmente, porque conforme estavam todos bojudinhos para fora, também estavam a fazer pressão para o lado de dentro, como é lógico.

Mesmo assim ainda teve fôlego para conseguir apagar as velas do aniversário, no passado dia 7, embora com alguma dificuldade - mas isso qualquer um, porque como podem ver, são daquelas velas teimosas que se voltam a acender por muito que a gente assopre.
Ou seja, tivemos bolo cheio de cuspo de tia - ou de amostras de ADN, como diriam os moços do CSI.
E aqui em baixo é uma bela gerbera, de um dos ramos de flores que lhe ofereceram nos anos.
Eu sou uma rapariga muito mais prosaica, que gosta de oferecer coisas úteis (e que não acabem no lixo ao fim de três dias) e dei-lhe uma cafeteira eléctrica. Mas isso agora não interessa nada.
Voltemos ao tal do laringocelo. Pois no dia 12 era eu quem fazia anos (pronto, só pra vocês ficarem a saber, que também tenho direito de fazer propaganda) e a tia veio almoçar comigo no chinês. No final (no final, pois, que eu tava cheia de fome) agarrei nela e levei-a às urgências do hospital de Torres, porque ela estava com uma respiração que mais parecia uma chaleira histérica. Depois de várias trapalhadas pelo meio, que não vale a pena detalhar, acabaram por ficar lá com ela e por lhe fazerem um buraco no pescoço para ela conseguir respirar até ao dia da operação (convinha, né...?).
E agora perguntam vocês: que raio é um laringocelo e como é que se arranja uma coisa dessas que quase mata um gajo à conta de lhe apertar o pipo? Pois exactamente o que é, também não sei detalhar, mas quem estiver muito interessado pode ir procurar na net. Aparentemente é um quisto de ar que aparece ao lado da laringe - daí a bela voz de aguardente da tia, embora o tabaco também contribua grandemente para isso. Os laringocelos atacam sobretudo os saxofonistas e o pessoal que faz muita força com as goelas. Pois aqui a tia nunca tocou corneta nem nada do género, mas sempre teve um feitiozinho do caraças, daqueles explosivos, dos que berram por dá cá aquela palha. E tanto berrou, que pimba, deu nisto. Além dos dois maços de tabaco diários que fumou durante não sei quantos anos e que não conseguiu largar nem depois de operar as cordas vocais (ah pois, que também já tinham nódulos à conta dos decibéis, claro). Portanto, meus lindos, tratem de poupar as goelas, de falar baixinho como eu, e se estiverem muito irritados façam antes um chouriço ao sacana que vos está a chatear os cornos ou aviem-lhe logo um belo muqueco nos queixos, que alivia na mesma e pelo menos evita que acabem assim, todos entubadinhos como a tia.

No dia da operação, ainda meia tontinha da anestesia.

E aqui um belo plano da facada que a tia levou no gasganete, ainda com o caninho a sair-lhe do gorgomilo, embora ela já aguente a rolha o dia todo. À noite tem de a tirar para dormir, e mesmo assim não pode ficar na horizontal. Quando conseguir aguentar a rolha por vinte e quatro horas, tiram-lhe o tubo do pescoço e fecham-lhe o buraco. Esta é uma fotografia de hoje. A costura é muito estranha; garanto que faço muito melhor do que isto a rechear o peru do Natal, mas suponho que o aspecto vá melhorar bastante quando lhe tirarem os pontos (em princípio amanhã). De qualquer maneira, como podem ver, o pescoço dela ainda está muito inchado e cheio de negrões. Pelo que uma das médicas disse, quase tiveram de lhe reconstruir as goelas por dentro.
Falem baixinho, meus lindos, atenção aos decibéis, ok? Toda a gente agradece. E o vosso pescocinho também.

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