Ora antes de mais, quem
não quer ler spoilers que fuja daqui a todo o gás, que já a seguir vem aí uma
catrefada deles.
Arranque em beleza, a meu ver,
contrariamente à opinião de grande parte dos fans, bastante desapontados (e até
irritados) com o primeiro episódio da quarta temporada. A maioria das queixas é
de que as personagens parecem demasiado afastadas da caracterização original e
que há muitos erros de continuidade – é um facto, mas não é defeito; este é um
episódio em que muita coisa está propositadamente ao contrário ou com um aspeto
diferente. Mas já lá vamos.
Todo ele é bastante mais sombrio e
denso do que o habitual, e até mais adulto, apesar das escorregadelas
ocasionais para o lado caricato, mas enfim, a atmosfera em geral é pesada,
cheia de interiores escuros. Escuros e azuis.
Começamos logo de início a ver
tubarões a nadar e reflexos de água, que se vão repetindo ao longo do episódio,
como metáfora para a intuição do Sherlock (a água) e para a sensação do perigo
que o ronda (os tubarões). Mas mesmo sem meter água, temos um fartote de
ambientes azulados e frios.
Muita gente está a defender que o
episódio é todo EMP (expanded mind palace), ou seja, que é todo passado no tal
palácio mental do Sherlock. Não exatamente, acho eu, mas andará lá perto. O que
nós vemos é o que aconteceu de facto, mas estamos a vê-lo através da memória
dele. O que explica haver tanta coisa ao contrário ou desajustada – a posição
inversa em que o John e a Mary dormem, a porta que não está onde estava antes,
os planos estranhos da câmara no 221B (um deles, com o Lestrade sentado, teria
de ter sido filmado de dentro da lareira, fazendo a sala parecer nitidamente
mais comprida, enquanto que outro, com a Mrs. Hudson, é visto do teto, dando a sensação
de que a sala é mais larga), o desaparecimento súbito do John de cena, voltando
a aparecer noutro sítio, o saco do Lestrade que começa por ser de papel e a
seguir é de plástico, e muitas outras “falhas”. Isto é o que ele reteve na
memória, são só as suas impressões, não é o cenário exato.
Assim, na famigerada cena do tiro
e da morte da Mary, o que nós vemos é a versão do Sherlock a respeito do que se
está a passar. Vemos o disparo em câmara lenta e ele ali imóvel, a observar a
inevitabilidade de levar um balázio no bucho. E a seguir a Mary a atirar-se
para a frente dele. Claro que ela teria de se ter atirado assim que a velha
levanta a arma, mas isto não é o tempo real; é a sensação que ficou impressa na
memória do Sherlock. O que nós vemos é o momento em que ele teve a certeza de
que ia morrer e depois o momento em que de repente percebe que a Mary é que tinha
apanhado o tiro. Na realidade, a sequência terá sido bastante diferente, mas
pode ser que ainda venhamos a ver a mesma cena por um ângulo mais objetivo. Nesta
altura, duvido até que tudo aquilo se tenha passado de facto dentro do aquário
de Londres.
Da mesma forma, a perspetiva da
memória do Sherlock explica aquela total incompetência com que vemos o John a
lidar com o ferimento da mulher, em que parece estar a enfiar-lhe os dedos no
buraco, em vez de tentar estancar a ferida, o discurso apressado mas
anormalmente longo da Mary e a falta de reação do Mycroft e do Lestrade, que se
limitam a assistir a tudo com um ar quase constrangido.
E a reação do John, os tais urros
tão gozados por essa net fora, tão diferentes das reações de tristeza que já
lhe vimos, é uma explosão de raiva porque foi só isso que o Sherlock reteve: a
fúria do John contra ele, mais imaginária do que real, gerada pela própria
culpa. Ele vê o John a acusá-lo, a responsabilizá-lo pela morte da Mary, o que
talvez até tenha acontecido, mas tudo isto está empolado pela culpa que sente.
Aquela insistência no cumprimento do voto é demasiado exagerada, demasiado
artificial. No entanto, vemos essa insistência ao longo do episódio, como se a
Mary e o John estivessem de facto a contar com aquela promessa completamente
irrealista, porque na cabeça do Sherlock aquilo é uma jura solene (o primeiro e
o último voto da sua vida, segundo ele). Por isso, toda aquela raiva do John será
apenas a culpa do Sherlock a gritar-lhe aos ouvidos. Ele não vê a tristeza (a ausência
de música dramática durante a cena), ele só consegue ver a raiva e a acusação.
Voltando atrás, ao discurso da
Mary quando está a esticar o pernil; às tantas ela diz ao Sherlock que “agora
estamos quites.” Esta frase, a ser de facto dita por ela, implicaria que a Mary
estava a culpar o Sherlock pelo tiro que levou. Mas quem disparou foi a velha e
quem se meteu à frente foi ela. Não faz sentido. Por isso, acho que isto é
apenas a interpretação dele – não a protegeu como prometeu, portanto a culpa é
sua, quase como se tivesse sido ele a disparar. Mas ela não terá dito nada
disso; quem está a falar é a consciência dele.
De igual modo, o facto de a Molly se
mostrar tão fria, como se também o responsabilizasse, o ênfase que ela põe em
como o John não quer qualquer ajuda do Sherlock, é novamente a interpretação
dele. Provavelmente ela terá dito simplesmente que o John naquele momento não
queria ver ninguém. Mas ele acha que o amigo o despreza e é assim que
interpreta o que ela diz.
Vendo o episódio por esta
perspetiva, percebemos o motivo de as personagens por vezes parecerem tão
diferentes daquilo que conhecemos e para surgirem tantas repetições de punch lines já batidas. Não é reciclagem
dos guionistas, é o que ficou gravado na memória do Sherlock e que passou a
fazer parte das suas referências.
Já a sessão de psicanálise com a
Ella é nitidamente mind palace, desta
vez no sótão (Moriarty na cave e terapeuta no sótão – faz sentido). As cadeiras
são beges, mas quando as vemos a contraluz parecem de cabedal preto e a
silhueta é idêntica à da poltrona do Sherlock – e aqui é a psicanalista que
está no lugar dele, enquanto ele está no lugar do John, ou seja, o Sherlock
está a analisar-se a si mesmo, a tentar perceber o que sente e o que deve
fazer.
E agora a história propriamente
dita; começo pela Mary, que continua a juntar peças ao puzzle mas ainda está
longe de mostrar a imagem completa. Os AGRA seriam então quatro meninos que
andavam por aí a matar neles por encomenda, e pelos vistos o Mycroft estava na
lista dos clientes – e provavelmente o Moriarty também. Ou seja, ficámos com a
certeza de que o Mycroft já conhecia a Mary de ginjeira. Ele sabia
perfeitamente com quem é que o amigo do Sherlock se estava a casar e fechou-se
em copas. E é claro que ela não se tornou assistente do John por mera
coincidência (como eu já tinha dito no post sobre o Last Vow).
Vamos então fazer contas: este
episódio acontece uns quatro anos depois de o Sherlock ter pulado do telhado –
ele esteve dois anos “morto” e quando volta o John está com a Mary há seis
meses (“seis meses de beijos ásperos”, diz ela quando ele está a rapar o
bigode). Presume-se que se tenham casado alguns meses depois do regresso do
Sherlock e entretanto ela já está grávida. Mais uns sete meses até a criança
nascer e outros seis meses até ao presente, a avaliar pelo tamanho da Rosamund
Mary (e que raio de agente secreta é que vai dar o seu próprio nome à filha? Aí
tem coisa. Olaré.) Ora então temos 2 anos, mais 13 ou 14 meses, e mais uns
quantos para os preparativos do casório – não chegará nem a quatro anos, mas
vamos arredondar a coisa. Sabemos agora que o massacre na Georgia foi há seis
anos. Quer isto dizer que entre a Georgia e o John ela teve pelo menos ano e
meio para continuar a matar mais uns quantos. Para o Mycroft e para o Moriarty,
digo eu. E ainda acrescento que estes três estiveram bastante mais ligados do que
admitem.
Como já aqui disse (último post de2013), a certa altura o Mycroft deve ter
posto o Moriarty a trabalhar para ele e é por isso que o defende, quando dá
todo o crédito à história da chave na conversa com o John. Da mesma maneira que
defende a Mary ao manter a identidade dela em segredo. Se a visse como inimiga,
ele próprio já a teria mandado para a tal reforma definitiva.
Ainda sobre a ligação dos três,
notamos que todos chamam “dragon slayer” ao Sherlock. Primeiro o Moriarty no
táxi, depois o Mycroft, quando estão a fumar no quintal dos pais, e agora a
Mary lá naquela espécie de cripta.
Logo no princípio do episódio
ficamos a saber o nome de código dos quatro agentes na sala e um deles é
Antártica – já agora, fiquei sem perceber se o Sherlock está incluído nos
quatro ou se a secretária também tem um nome de código. Enfim, como toda a
gente parece concordar que o Antártica é o Mycroft, lembro então que o Moriarty
se referia a ele como “the ice man” (segundo a Irene). Ou seja, aparentemente o
bandidão sabia qual era o nome de código do Mycroft. Portanto, ou a segurança
do MI6 está mais esburacada que um passador, ou o Moriarty a dada altura também
terá feito parte da pandilha do Mycroft.
Voltando à Mary. Pois a Mary é uma
personagem interessante porque é uma criatura naturalmente má a esforçar-se
para ser boa – com grandes escorregadelas, claro. A descontração com que ela decide
matar o Sherlock – porque ela atirou para matar, tanto é que quase conseguiu –
e a seguir lhe exige que fique caladinho, mostra bem qual é a raça dela.
Quando o John recebe o aviso de
que a Mary entrou em trabalho de parto, a sequência das imagens é bastante explícita:
E neste episódio, embora a Mary
depois tente mostrar que está toda feliz por o A.J. estar vivo, a primeira
reação é “What?!”, tipo, “o quê?, o sacana escapou?!”
Esta carinha não é de quem teve uma surpresa
boa.
Mais tarde, no confronto entre os
dois, a maneira de falar sugere que foi de facto ela que lixou os colegas. “Tu
sabes que eu também te mato” – também porque ele diz que a vai matar,
ou também tal como matou os outros?
Contrariamente ao ambiente azulado
de grande parte do episódio, a Mary aparece várias vezes com um fundo
avermelhado. Para além da brincadeira com o John sobre a filha estar possuída e
o 666, e mesmo o “vai para o inferno” final, em algumas imagens das cenas de
Marrocos, como alguém notou, a sombra dos cabelos dela faz uns pequenos
cornichos:
Por outro lado, as sombras por
trás do A.J sugerem umas asinhas de anjo – e ele aparece num fundo branco que
se destaca do meio da penumbra e dos azuis.
Talvez então seja ele de facto o
inocente e ela a diabelha.
De qualquer forma, a associação da
Mary ao Moriarty continua a aparecer na decoração da parede do quarto da filha,
com pêgas a voar de uma macieira.
Estas pêgas estavam também no papel de parede do banquete do casamento e no lacre do Moriarty, que por sua vez fez o assalto à Torre de Londres ao som da Gazza Ladra. E depois, as maçãs vermelhas da parede remetem-nos para o IOU e os peixinhos pendurados para os tubarões por cima da cabeça do Sherlock, o tal símbolo da ameaça a rondar.
Acrescentando ainda o “miss me”
escrito no CD da Mary, seria surpreendente que ela não estivesse de facto
ligada ao Moriarty.
Mas, tal como o falecido bandidão,
a Mary é uma pessoa suficientemente interessante e inteligente para o Sherlock
a admirar. É por acreditar na lealdade dela com o John que ele inventa aquela
treta do tiro cirúrgico, apesar de ter chegado a ficar tecnicamente morto –
cirúrgico uma ova. E é para os dois (três com o rebento) poderem continuar
juntos que ele dá um tiro nos cornos do Magnussen. Apesar de perceber quem é de
facto a Mary, o Sherlock decide ser amigo dela; já que não pôde ser amigo do
Moriarty, embora as personagens praticamente admitam que, noutras
circunstâncias, teriam feito uma dupla do caraças (tanto aqui como nos livros).
Mas admirar alguém não implica
confiar (veja-se o caso do Moriarty); o Sherlock só confia de facto no John (e no
Lestrade, na Molly e na Mrs. Hudson, ok) e ficamos a saber que, antes de mostrar
a pen à Mary, a mostrou primeiro ao John – que lhe disse para pôr um
localizador lá dentro, porque nunca mais conseguiu voltar a confiar na mulher. Com
boas razões para isso.
Além disso, a mensagem que ele lhe
manda (se é que foi ele…) é muito estranha. Ao John, diz que venha ao aquário,
mas a ela diz que o último acto vai começar. Não sei como interpretar isto; só
sei que não me cheira bem.
O texto remete para o teatro, mas
não me parece que ele e a Mary tenham combinado uma morte falsa para ela poder
desaparecer. Para mim, ela deu mesmo o pandeco. Mas esta mensagem traz uma
história qualquer que ainda não vimos.
Aparentemente, a Mary redime-se
com o sacrifício. Mas será mesmo? Uma vez que isto é a visão do Sherlock, ele
pode estar a querer ver que ela se tinha tornado realmente sua amiga. Mas esta
cena tem outras hipóteses: a velha tinha as mãos trémulas e provavelmente será
meio pitosga, a Mary pode simplesmente ter tentado empurrar o Sherlock para o
lado, pode ter-se precipitado para tentar desarmar a outra, ou pode ter
calculado mal e fugido para o lado errado. O mergulho heróico e abnegado para a
frente da bala é coisa de melodrama rançoso. E já agora, a que propósito é que
ela se ia sacrificar? Gostava assim tanto do Sherlock? Então e a expressão de
raiva com que ela lhe diz “go to hell”? É por isso que não acredito no que vi;
acredito é que foi nisso que o Sherlock quis acreditar.
Aliás, todo o episódio está cheio
de avisos para não acreditarmos no que estamos a ver. As aparências não têm
nada a ver com a realidade, como no caso do fulano que morreu afogado e afinal
tinha os pulmões cheios de areia, ou a história da mulher que morreu de
hipotermia dentro da sauna.
Os reflexos, os desdobramentos, as
imagens sobrepostas e os jogos de espelhos continuam a aparecer em força, tal
como no Last Vow. O mais estranho, quanto a mim, é a palavra AMMO, que aparece invertida
quando o Sherlock a entrega ao Mycroft (que acabou de falar em siglas…).
Para ser vista assim, teria de
estar refletida num espelho ou ser vista através de um papel transparente, como
quando vemos o número da E.
Por isso também não acredito na traição do John,
mesmo que fosse só um flirt inconsequente. Provavelmente nós não vimos todo o
diálogo entre ele e a rapariga do autocarro – que vem já com o papel na mão,
preparada para a abordagem. Tudo parece indicar que ela já sabe quem ele é e
que as suas intenções não serão as melhores – quando lhe vira as costas, leva a
mão à nuca e o gesto é nitidamente de quem está a ajeitar a peruca, portanto
estará disfarçada. O que parece um engate pode ser uma proposta de trabalho, um caso para resolver, por exemplo. Quando a vemos na paragem, sentada ao lado
do cartaz do próximo vilão, pode ser uma previsão de que ela trabalha para ele (e
dizem que será a filha do tal, mas quanto a isso prefiro esperar para ver).
A ideia de uma proposta explicaria o “não estou livre” do texto que o John está a mandar como um “tenho
muito que fazer”, o “as coisas não vão acabar bem” como “se eu aceito esse
trabalho/caso ainda me lixo” e “gostei de te/vos ficar a conhecer um bocadinho”
como “muito interessante, mas não quero, obrigado.”
Porque ela não acabou de receber
nenhum texto e o sorriso dele pode ser apenas de quem a reconhece.
Provavelmente as outras mensagens nem
terão nada a ver com ela. Na primeira ele manda um “hey” e alguém lhe responde
da mesma maneira – portanto é porque reconheceu o número do John, que ele não
deu à rapariga. E na segunda, apesar de a Harry ser uma boa candidata a
interlocutora, eu penso que ele está a falar com o Sherlock – porque o quarto
está azul e eles não estão deitados do lado certo da cama.
Será então apenas como o Sherlock imagina que aquela cena se estará a passar na casa do John, sem ligar a pormenores irrelevantes.
Ora mais mistérios - o tal do Sherrinford. Não acredito que haja um terceiro Holmes. Pronto, tenho dito. Quanto ao nº 13 que está no frigorífico, antes de o Mycroft pedir para lhe passarem ao Sherringcoiso, bom, pode ser simplesmente porque esse tal vai aparecer no 13º episódio da série e aquele post it foi apenas uma piscadela de olho.
A mudança da imagem da caveira, que agora é tridimensional e emoldurada, e que vai ficando cada vez mais clara ao longo do episódio:
Mais uma metáfora para a ameaça da morte, que o Sherlock sente cada vez mais próxima. Acho eu.
E agora os buracos; começo pelo da
pen, que é de pôr os cabelos em pé. Um grupinho de mercenários que anda com as
informações todas ao pescoço, porque assim nenhum deles pode trair o outro?! Quer
dizer, então se um deles for abatido ou capturado, a pen tem lá tudo
escarrapachadinho, ao dispor de quem a apanhar. Ok…
A fuga da Mary. Caricato, escusado
e previsível – com tanta volta, ‘tava-se mesmo a ver que o Sherlock ia estar à
espera dela. Bof.
O tempo que deixaram passar entre
a terceira temporada e a quarta. Um grande buraco, porque o Martin, o Mark e a Amanda
acusam muito os anos que passaram. Deixámos a Mary toda grávida e com uma cara
redondinha lá no aeroporto, e agora que ela vai parir a criança está muito mais
magra, toda chupadinha e envelhecida. Aquele último mês da gravidez deve ter
sido terrível. E entretanto o Mycroft deve ter vindo todo o caminho do
aeroporto até ao MI6 a enfardar pastéis de nata, porque chegou lá cheio de bochechas
e de pés de galinha (o açúcar é péssimo para as rugas).
A coincidência mais pim!, tunfas!,
mesmo na batata! O Sherlock vê uns risquitos na mesa, percebe que falta ali
qualquer coisa, começa a fazer deduções e a seguir as intuições e acaba por
chegar nada menos que à sua compincha, a boa da Mary. Este mundo é uma aldeia e
Londres é um quintalinho.
Pré-buraco: as imagens do Benedict
nos próximos episódios com a barba por fazer. O cabelo é preto e a barba é
ruiva (porque é a dele). Há muita gente com diferenças de cor entre a barba e o
cabelo, mas o contraste não é tão gritante. Ou foram eles que se distraíram, ou
faltou a tinta lá nos bastidores.
E fico-me por aqui, à espera do próximo episódio, rematando com
estes dois malvados a partir a moca à nossa custa:
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