6.11.12

Diário do Oeste - 44

Halloween passado em casa, porque isto por aqui está tudo teso e nem me dei ao trabalho de olhar para os cartazes das festas locais (ok, foi mais por falta de ideia, mas também não tinha companhia e acabava por ir dar ao mesmo). Mas fiquei atrofiada, por isso liguei para a tia e disse-lhe que no dia seguinte íamos fazer a festa das bruxas lá na casa dela. Que se resumia a um almoço reforçado, mas pronto.
Levantei-me cheia de fungas para ir fazer as compras (que por aqui está tudo aberto nos feriados, pelo menos de manhã) e chegar lá rapidamente, para ir ajudar a fazer o almoço - ou a espalhar a confusão, é mais por aí. 
Na rua, havia bandos de miudagem de saquinho em punho por todo o lado, mas este ano quase todos traziam pelo menos um adulto a acompanhá-los. O que é uma novidade, porque há quarenta anos que passo as férias no Oeste e sempre vi os miúdos andarem sozinhos. Sinais dos tempos.
A tia tinha passado a manhã muito atarefada a aviar o pão-por-deus aos fregueses todos que lhe apareceram à porta, com um olho no tacho e o outro nos putos, quando eu apareci com o resto da tralha. Pelo menos ainda deitei a mão ao tacho enquanto ela distribuía castanhas e caramelos, mas deixei a sopa cheia de grumos e tivemos de lhe dar uma chocalhadela naquele copo grande que faz vrrrrum para ficar comestível.
Entretanto, como era feriado, lembraram-se todos ao mesmo tempo e apareceram logo dois clientes para o Delta, o gatinho preto e branco que aqui mostrei no último diário. Como um deles tinha telefonado a dizer que já vinha a caminho, o outro apareceu lá primeiro mas ficou sem gato. É no que dão as surpresas.
E a seguir empanturrámo-nos as duas que nem umas brutinhas e ficou a festa feita. 


A tia com os netos emprestados, o Salvador e a Matilde.

O dia estava bonito e ainda andei por lá a tirar mais umas photos, aqui à bela bigodaça da Yara:

E a Yara em sol e sombra:

Florinhas ratadas no quintal da tia:

O Tininho numa cama verde:

Um ramo dissidente ou uma crise de clorofila:

Cravo túnico:


A lantana do portão da tia:

E agora as malaguetas do meu pai. 
Dei-lhe uma série de pezinhos durante o Verão e foi um instante enquanto cresceram e desataram a dar malaguetas. As minhas são muito mais altas e também deram muitos frutos, mas estas, mesmo minorcas e instaladas num vaso pequeno, desataram a produzir com toda a gana:

Mesmo atacadas do piolho e tudo:

As cinco primeiras da produção do progenitor: 
Tive de as apanhar porque já estavam a ficar moles, mas tento sempre deixá-las na planta o máximo que puder, porque é a melhor maneira de se manterem frescas. Depois de apanhadas, estragam-se com alguma rapidez mesmo na gaveta do frigorífico. 
Entretanto pus o meu pai à procura da receita do picante, uma mistura caseira bravia com'ó caraças e que se mantém impecável durante anos seguidos. A receita é estilo segredo de família, transmitida por um parente afastado com grandes recomendações, para não desatarmos a distribuir a fórmula por qualquer marau que aparecesse. Aliás, é tão secreta que nem sabemos onde é que pára o papel... 
O frasco da molhenga original, que tem mais de trinta anos e ainda dura, foi feito com filhotes de jindungos trazidos de África. O meu pai semeou-os no quintal e saíram amarelos e granjolas, mais pequenos do que as malaguetas e maiores do que os jindungos originais. Deve ser uma espécie muito dada a mutações, porque alguns dos pezinhos que eu semeei estão a dar jindungos redondos em vez de pontiagudos, uns berlindes pequeninos e altamente picantes,  mas pelo menos desta vez todas as plantas estão a dar frutos vermelhos. 
Pois essa tal receita, feita com os jindungos mutantes, continua impecável (aparentemente, pelo menos), com o mesmo gosto e textura, e sem nunca ter criado bolor. Uma maravilha. Resta saber onde é que ela está.

A minha tia deu-me esta bela abóbora amarela e não, não desatei a semear abóboras na varanda (por causa do espaço, só por isso); tirei-lhe o retrato e em seguida fiz doce de abóbora com ela.

Era pequenita mas rendeu bastante:

E a seguir resolvi inventar uma tarte. Enchi a covinha da massa com doce de abóbora, rematei com umas fatias de maçã para desenjoar e meti-a no forno. 
Este doce que eu faço, completamente a olhómetro, não se conserva muito tempo porque não lhe carrego muito no açúcar, mas também não fica enjoativo. E pelo menos sabe a abóbora em vez de saber a açúcar, mas tem de ser guardado no frio e nunca posso fazer uma grande quantidade de cada vez. Papado com queijo, é um espectáculo. Com moderação, claro, senão a engorda também deve ser espectacular.
E pois, a tarte ficou tão linda que tive de lhe tirar o retrato, acabadinha de sair do forno, oh aqui:


E comia-se e tudo!

E agora as minhas meninas em duas sequências de photos.


Zoya, Pixie, um lava-louças e uma torneira aberta - os pequenos prazeres dos gatos de apartamento:





 laser eyes...


Claro que a Zoya saiu dali com o pêlo todo salpicado, mas pelos vistos não se estava a importar nada.

No cimo da estante - nada como uma nova perspectiva:










 E um caracol na casa da prima só para rematar:


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