26.3.10

Diário do Oeste - 35

Ermita a fazer ai ai ai de cada vez que muda de posição na cadeira à conta das últimas sessões no ginásio – é no que dá ser brutinha. Mas vamos a isto.

As ganas de me pôr em forma depois de um Inverno sedentário levaram-me até à esteticista na semana passada para fazer um tratamento às fuças (uma vez que não há maneira de ginasticar as bochechas; as caretas são contraproducentes, que fazem rugas). E então lá estava eu na marquesa a olhar para as luzes do tecto, enquanto as duas moças me iam barrando com as suas mistelas e fazendo comentários uma para a outra a respeito da minha pelezinha tão branquinha e das veiazinhas que até se vêem à transparência (porque para as esteticistas é tudo inhos e inhas, já repararam?) e depois para o facto de até o meu nariz ser tão fininho e “olha os dedinhos, parecem de criança” e “isto é daquelas peles que eu até peço que não me apareçam”; ou seja, elas esqueceram-se de que eu estava ali. Passei a ser só a matéria/corpo em que estavam a trabalhar. E foi assim que eu fiquei a saber como é que se sente um presunto na mesa das autópsias. Se o presunto pudesse ouvir os comentários, evidentemente.

No mês passado fui ver o Avatar e posso garantir que já há muito tempo não chorava tanto; não por causa do enredo, mas pelo tal do 3D. Um esforço do caraças para os meus olhinhos. O efeito é espectacular, é um facto, se bem que as legendas estavam tão sumiditas que se eu não pescasse nada de inglês estava feita ao bife, porque não ia apanhar uma. Passei o tempo todo a limpar os olhos, constantemente a lacrimejar, e de vez em quando tinha de tirar os óculos e de apertar a vista com força para descontrair. Mas tirando esse sacrifício das três horas à rasca dos olhos e de sair do cinema com uma bruta dor de cabeça e as pálpebras inchadas que nem um besugo, foi bastante divertido ver os bonecos azulinhos por ali aos pulos.

E chegou a Primavera, aquela altura do ano em que eu tenho de guardar o meu sabonete de aveia num tupperware (senão os mosquitos vão-se todos a ele) e em que me arrependo de não ter feito uma limpeza a fundo à despensa, antes da eclosão dos bichinhos pretos que me invadem a casa toda.

Mas também é agora que começam a aparecer mais coisas bonitas p'ra tirar o retrato - ora pois, cá vão elas:
as primeiras flores na árvore à porta da tia, e o arbusto farfalhudo do quintal dela, que se manteve florido durante todo o Inverno.
Um jarro com a corola aberta
e o pormenor do espigo amarelo de um outro carregadinho de pólen: Um coiso giro que nasceu de um bolbo e que agora ninguém se lembra como é que se chama:Um lírio branco ao pé do veterinário do meu gato: E um lírio tricolor à porta da Nisa, mais as suas belas couves ramalhudas: As flores da bela magnólia da Teresa padeira:

Uma estrelícia não sei de quem (nem interessa) e uma árvore na rua da tia, cheia de franjinhas penduradas: E uma planta gorda com flores cor de laranja todas arremelgadinhas: Depois de uma aparente epidemia de esgana que lhe limpou os canitos todos menos um, a Odete arranjou uma Camila para fazer companhia ao sobrevivente: É uma coisinha fofa e tímida e as photos não lhe fazem justiça; está com um ar um bocado triste, quando ao vivo é toda activa e brincalhona. Esperemos que ao menos esta também tenha direito a ser vacinada. A Riscadinha a fazer pose com um abelhão que podem ver aqui em pormenor - também é um bicho peludo, mas este tem seis patas e duas asinhas:

E reparei agora que só se vêem cinco patas, mas acho que estavam lá todas.

A Riscadinha nesta altura está (outra vez) prenha e já no fim do tempo, porque apesar de a tia tentar enfiar-lhe a pastilha, ela acaba sempre por a conseguir cuspir. E depois dá nisto - altos renhauuus em Janeiro e os machos todos à bulha por causa desta provocadora descarada:

O Yuri, a Riscadinha a rebolar e o Menino a tirar-lhe as medidas.
Pelo menos a Sally tem-se aguentado à conta das pastilhas. Até agora não teve mais ninhada nenhuma, desde Abril do ano passado. Ah sim, eles conseguem virar a cabeça para trás a 180 graus.
No final do Inverno encontrei mais uns espigos giros daqueles que gostam de frio:

e uma árvore que dá bolinhas encarnadas nas traseiras do hospital de Torres Vedras:
E depois há sempre aquele pessoal que olha para isto e em vez de apreciar o espectáculo faz um ar de desconfiança e sai-se com umas belezas do tipo, "ah, mas isto é venenoso..." (ouvi essa exactamente enquanto as estava a fotografar), como se assim passasse a ser uma coisa horrenda ali plantada, em vez do arbusto decorativo que é suposto ser. Ok, lindos, por acaso tenho grandes dúvidas sobre a toxidade desta coisa, mas quanto à lixívia não tenho nenhuma. E toda a gente tem disso em casa e não anda a bebê-la. Tal como ninguém come estas bolinhas, que são duras com'ó caraças. E se algum puto que passar por elas estiver na fase em que leva tudo à boca, bom, então é porque é tão pequeno que tem um adulto ao lado com obrigação de estar de olho nele. Suponho eu.

Já agora, a propósito de cromos, deixem que vos mostre a camioneta do Evaristo:
O Evaristo deve ter pago umas belas massas para lhe pintarem esta menina na porta do camião. É muito engraçadinha, pois. Já a conheço de outros carnavais e sei que é um desenho do Luís Royo, que é um artista bestial mas com muito pouco sentido prático - as guerreiras dele têm espadas e armas de lâminas múltiplas, mas esquecem-se sempre de proteger o cu. E o resto, aliás. Combater de biquini não me parece lá grande estratégia, a não ser que o adversário fique tão aparvalhado a ver aquela chicha toda que até se esqueça do que está a fazer.

Esta guerreira consegue a proeza de virar a cara e o rabiosque para o espectador ao mesmo tempo - a Sally consegue virar a cabeça a 180 graus, mas aqui a menina do Evaristo não lhe fica atrás, são pelo menos 85 graus de rotação da anca. É perfeitamente possível fazer isto, claro, mas se quiserem tentar reproduzir a posição vão ver que o aspecto é bem mais esforçado e contorcido do que glamoroso.

Por falar em veículos, conhecem o Stor Mcop da Ploice? Pois aqui vai ele. Provavelmente vão ter de abrir a imagem para verem do que estou a falar. E mais nada por hoje, que 'tou aqui agarrada ao computas e ainda não jantei. E os ermitas esfomeados ficam com um humor de cão.

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