31.3.10

Diário do Oeste - 36

Fim de semana às caretas, com dois almoços seguidos em casa da tia e outras tantas voltinhas higiénicas pelas redondezas com a máquina em punho.
Ora então cá vai:
Ainda no quintal da tia, temos aqui um jacinto leitoso, com um cacho de flores tão pesado que nem se aguenta a direito no pé:
enquanto o seu mano roxinho ficou entalado (e escorado) no meio da salsa:
A Riscadinha com a sua bela barriga de prenha, a descansar no meio da erva da fortuna e dos jarros:
Uma azeda no telhado da tia:Um malmequer amarelo e minúsculo na beira da estrada
Um tremoceiro emaranhado num arbusto:
Uma figueira despida já com as pontinhas todas a rebentar (e com uns figos minúsculos que eu devia ter apanhado em pormenor - fica para a próxima)Grelos de couve:
Uma pilha de tijolos esquisitos, com os furos desencontrados:
E a árvore ao pé do portão da tia, cheia de florinhas brancas, que eu ainda 'tou p'ra saber o que é:
E à volta tínhamos o Tininho à nossa espera, deitado à porta de casa:
Isto foi da voltinha do dia 27. No dia 28 fizemos outro circuito para ajudar a digerir os cogumelos salteados e supostamente picantes que eu fiz para o almoço (o segundo fracasso da semana - não voltar a confiar naqueles pimentinhos verdes que afinal não picam nada).
Comecei por topar com este pessegueiro florido:
E aqui uma flor ao pormenor, cheia de estames com pintinhas:
Mais acima, um lírio ao lado da churrasqueira da Milucha
um limão altamente retorcido que ela tem no quintal
e o cão dela, que já aqui apareceu, mas que só agora sei que é mais um Snoopy para a colecção (já está na altura de arranjarem outro boneco onde se inspirarem, que eu ando a encontrar Snoopys aqui na terra há pelo menos trinta anos)
As orquídeas do quintal dela As abelhas devem achá-las atraentes, mas assim de repente isto mais parece uns bicharocos de boca aberta, com dentinhos e tudo, à espera que alguma lá pouse para lhe darem uma trinca.

E mais um lírio tricolor
e uma túlipa amarela:
Dando a volta ao quarteirão, passámos por um muro com uma trepadeira de flores lilases e pequeninas, com um ar muito frágil:
Aqui em pormenor
e umas amarelinhas que devem ser doces, porque as formigas não as largam
E foi então que apareceu o cão. Um canito cheio de calores, certamente instigados pela Primavera, que veio ter connosco e se fartou de mostrar a barriga (e o resto...)
O canito a rebolar à frente dos pés do meu pai e da minha tia.
e o ermita a fazer festas ao cão.

Como viu que a gente não mordia, o canito resolveu vir connosco durante um bocado, a ver o que iríamos fazer a seguir. Aqui foi espreitar o que é que tinha deixado a minha tia tão espantada, ao pé do portão do Luís:
Pois aquele espanto todo era por causa de um ewok que ele tinha lá no quintal, oh aqui:
Na segunda-feira, com a chegada da lua cheia, a Riscadinha pariu cinco crias, quatro tigres e uma branquinha (que deve ficar com riscas café com leite, como as das ninhadas anteriores)
A mãe com os filhotes, poucas horas depois de nascerem.
Calculamos que o pai das crianças seja o Tigrão, aqui a marcar terreno nas flores do quintal da tia:
Só mais uns jarros para acabar a série:



E pronto, não há mais.

Quanto a novidades, nada a assinalar. Pelo menos minhas. Mas quis saber o que se passava com o marido de uma amiga minha, porque ouvi dizer que o homem tinha tido um ataque qualquer. A minha tia encontrou a sogra dele e foi tirar nabos da púcara. "Então ouvi dizer que o seu genro estava mal...", começou ela. E responde a outra:
- Mal?! Credo! Ai, as pessoas inventam cada coisa...! O meu genro teve um AVC e ficou a cinquenta por cento, com um lado do corpo todo apanhado, e agora anda a fazer fisioterapia, só isso.
Posto isto, gostaria muito de saber o que é que este pessoal por aqui considera que seja "estar mal". Presumo que seja "já a atá-las" ou "mais p'ra lá do que p'ra cá" - se não for caso de morte, então o indígena continua óptimo. Chiça...
Aqui há dias, estando eu a limpar a varanda, veio uma rola e pousou no corrimão ao meu lado. Com algumas hesitações, claro, mas as amigas dela deram logo meia volta assim que me viram. Aquela, bastante mais afoita, ficou ali a ver o que eu estava a fazer, tipo, "então e a paparoca, como é?" Enchi os pratos, renovei a água, saí e fechei a porta de correr, que só com o barulho costuma fazê-las fugir, mas ela continuou em cima do corrimão a olhar para mim com a cabecinha de lado. "Já posso...? Já posso...?" Corri a cortina e ela tunfas, atirou-se ao almoço.
Entretanto nos últimos dias já vi três versões, com mais ou menos censura, do último vídeo da Lady Gaga. Hoje de manhã, no ginásio, enquanto queimava calorias na passadeira, vi uma versão diferente da que tem passado na MTV e a seguir fui procurar ao Youtube e encontrei uma ainda mais completa, que achei por bem pôr aqui (aproveitando enquanto o link funciona).

Só há pouco tempo é que comecei a prestar atenção à Lady Gaga. O "poker face" tinha-me passado completamente ao lado, mas nesta altura já a vejo como a versão pop do Marilyn Manson (com a vantagem de que ela fica melhor de biquini).
Depois de ver os outros dois vídeos censurados, eu estava convencida de que a rapariga se tinha afastado do boneco e que aparecia como a Stefanie que está lá por baixo dos três quilos de peruca e de maquilhagem para fazer uma pontinha como figurante. Mas afinal a tal dupla morena aparece ao lado dela na versão integral e não é truque - é a irmã mais nova, a Natali.
A música fica no ouvido e dá para abanar o capacete, pois, mas palavra que não entendi a história. A letra da cantiga não dá pista nenhuma, aliás, era tão inofensiva que tiveram de compensar aquilo com uma data de mortos e umas gajas a lamber as grades. É giro, pois, mas não percebo por que raio é que elas envenenam aquela malta toda no restaurante. Enfim, o pessoal ainda é como o outro, agora o pobre do cão é que não lhes perdoo (mesmo sendo fita).

26.3.10

Diário do Oeste - 35

Ermita a fazer ai ai ai de cada vez que muda de posição na cadeira à conta das últimas sessões no ginásio – é no que dá ser brutinha. Mas vamos a isto.

As ganas de me pôr em forma depois de um Inverno sedentário levaram-me até à esteticista na semana passada para fazer um tratamento às fuças (uma vez que não há maneira de ginasticar as bochechas; as caretas são contraproducentes, que fazem rugas). E então lá estava eu na marquesa a olhar para as luzes do tecto, enquanto as duas moças me iam barrando com as suas mistelas e fazendo comentários uma para a outra a respeito da minha pelezinha tão branquinha e das veiazinhas que até se vêem à transparência (porque para as esteticistas é tudo inhos e inhas, já repararam?) e depois para o facto de até o meu nariz ser tão fininho e “olha os dedinhos, parecem de criança” e “isto é daquelas peles que eu até peço que não me apareçam”; ou seja, elas esqueceram-se de que eu estava ali. Passei a ser só a matéria/corpo em que estavam a trabalhar. E foi assim que eu fiquei a saber como é que se sente um presunto na mesa das autópsias. Se o presunto pudesse ouvir os comentários, evidentemente.

No mês passado fui ver o Avatar e posso garantir que já há muito tempo não chorava tanto; não por causa do enredo, mas pelo tal do 3D. Um esforço do caraças para os meus olhinhos. O efeito é espectacular, é um facto, se bem que as legendas estavam tão sumiditas que se eu não pescasse nada de inglês estava feita ao bife, porque não ia apanhar uma. Passei o tempo todo a limpar os olhos, constantemente a lacrimejar, e de vez em quando tinha de tirar os óculos e de apertar a vista com força para descontrair. Mas tirando esse sacrifício das três horas à rasca dos olhos e de sair do cinema com uma bruta dor de cabeça e as pálpebras inchadas que nem um besugo, foi bastante divertido ver os bonecos azulinhos por ali aos pulos.

E chegou a Primavera, aquela altura do ano em que eu tenho de guardar o meu sabonete de aveia num tupperware (senão os mosquitos vão-se todos a ele) e em que me arrependo de não ter feito uma limpeza a fundo à despensa, antes da eclosão dos bichinhos pretos que me invadem a casa toda.

Mas também é agora que começam a aparecer mais coisas bonitas p'ra tirar o retrato - ora pois, cá vão elas:
as primeiras flores na árvore à porta da tia, e o arbusto farfalhudo do quintal dela, que se manteve florido durante todo o Inverno.
Um jarro com a corola aberta
e o pormenor do espigo amarelo de um outro carregadinho de pólen: Um coiso giro que nasceu de um bolbo e que agora ninguém se lembra como é que se chama:Um lírio branco ao pé do veterinário do meu gato: E um lírio tricolor à porta da Nisa, mais as suas belas couves ramalhudas: As flores da bela magnólia da Teresa padeira:

Uma estrelícia não sei de quem (nem interessa) e uma árvore na rua da tia, cheia de franjinhas penduradas: E uma planta gorda com flores cor de laranja todas arremelgadinhas: Depois de uma aparente epidemia de esgana que lhe limpou os canitos todos menos um, a Odete arranjou uma Camila para fazer companhia ao sobrevivente: É uma coisinha fofa e tímida e as photos não lhe fazem justiça; está com um ar um bocado triste, quando ao vivo é toda activa e brincalhona. Esperemos que ao menos esta também tenha direito a ser vacinada. A Riscadinha a fazer pose com um abelhão que podem ver aqui em pormenor - também é um bicho peludo, mas este tem seis patas e duas asinhas:

E reparei agora que só se vêem cinco patas, mas acho que estavam lá todas.

A Riscadinha nesta altura está (outra vez) prenha e já no fim do tempo, porque apesar de a tia tentar enfiar-lhe a pastilha, ela acaba sempre por a conseguir cuspir. E depois dá nisto - altos renhauuus em Janeiro e os machos todos à bulha por causa desta provocadora descarada:

O Yuri, a Riscadinha a rebolar e o Menino a tirar-lhe as medidas.
Pelo menos a Sally tem-se aguentado à conta das pastilhas. Até agora não teve mais ninhada nenhuma, desde Abril do ano passado. Ah sim, eles conseguem virar a cabeça para trás a 180 graus.
No final do Inverno encontrei mais uns espigos giros daqueles que gostam de frio:

e uma árvore que dá bolinhas encarnadas nas traseiras do hospital de Torres Vedras:
E depois há sempre aquele pessoal que olha para isto e em vez de apreciar o espectáculo faz um ar de desconfiança e sai-se com umas belezas do tipo, "ah, mas isto é venenoso..." (ouvi essa exactamente enquanto as estava a fotografar), como se assim passasse a ser uma coisa horrenda ali plantada, em vez do arbusto decorativo que é suposto ser. Ok, lindos, por acaso tenho grandes dúvidas sobre a toxidade desta coisa, mas quanto à lixívia não tenho nenhuma. E toda a gente tem disso em casa e não anda a bebê-la. Tal como ninguém come estas bolinhas, que são duras com'ó caraças. E se algum puto que passar por elas estiver na fase em que leva tudo à boca, bom, então é porque é tão pequeno que tem um adulto ao lado com obrigação de estar de olho nele. Suponho eu.

Já agora, a propósito de cromos, deixem que vos mostre a camioneta do Evaristo:
O Evaristo deve ter pago umas belas massas para lhe pintarem esta menina na porta do camião. É muito engraçadinha, pois. Já a conheço de outros carnavais e sei que é um desenho do Luís Royo, que é um artista bestial mas com muito pouco sentido prático - as guerreiras dele têm espadas e armas de lâminas múltiplas, mas esquecem-se sempre de proteger o cu. E o resto, aliás. Combater de biquini não me parece lá grande estratégia, a não ser que o adversário fique tão aparvalhado a ver aquela chicha toda que até se esqueça do que está a fazer.

Esta guerreira consegue a proeza de virar a cara e o rabiosque para o espectador ao mesmo tempo - a Sally consegue virar a cabeça a 180 graus, mas aqui a menina do Evaristo não lhe fica atrás, são pelo menos 85 graus de rotação da anca. É perfeitamente possível fazer isto, claro, mas se quiserem tentar reproduzir a posição vão ver que o aspecto é bem mais esforçado e contorcido do que glamoroso.

Por falar em veículos, conhecem o Stor Mcop da Ploice? Pois aqui vai ele. Provavelmente vão ter de abrir a imagem para verem do que estou a falar. E mais nada por hoje, que 'tou aqui agarrada ao computas e ainda não jantei. E os ermitas esfomeados ficam com um humor de cão.